10 dezembro 2023

AVE MARIA

AVE MARIA




A arte induz determinados estados mentais, uma combinação de emoções e sentimentos que podem contribuir para alterar a nossa visão do mundo. Quando visitamos as Cavernas de Altamira, o Panteão de Roma ou contemplamos a Guernica, sofremos uma transformação. “Saímos da caixa” e não mais voltamos ao espaço de partida.


Creio que arte facilita que a tal caixa se amplie para acolher novas perspectivas, novas possibilidades, até surgirem outros desafios e sermos compelidos a sair de novo da caixa, da nossa “área de conforto”, para regressarmos mais conscientes e mais sábios.

 

Visitar as Cavernas de Altamira é sentir o apelo à ação — GOYA (Get off Your Ass) — os recursos não são maná que cai do céu, vai à caça vai... (Quem Mexeu no Meu Queijo?).

 

O Panteão é uma obra do anjos (Michelangelo), podes espreitar o céu e acolher o Sol pelo seu óculo. Rafael “está no céu” porque se tornou imortal e superou a própria natureza.

 

A Guernica é um alerta para o caos provocado pela guerra. A maioria da população Ocidental não passou por uma guerra e não precisa de passar se se sentar a contemplar esta obra-prima do Picasso. Tudo é preferível aos caos da guerra.


A música atinge-nos de modo diferente e talvez mais profundo. Os sons podem-nos “tirar do sério” (desculpem o brasileirismo) e irritar, como o choro estridente de uma criança ou provocar sensações de intemporalidade (out of body experiencies).

 

Os cantos gregorianos exaltam os sentimentos religiosos precisamente por essa capacidade da música de nos transportar para um universo paralelo (paraíso?).

 

Ontem (9/12/2023) foi o funeral da minha irmã ML que tinha falecido 2 dias antes. Os funerais são sempre tristes, mas neste caso pior porque a ML sucumbiu a uma “doença acelerada” que a afastou do nosso convívio em apenas 5 meses.

No final do ofício, uma pianista entoou a Ave Maria, de Schubert, enquanto o féretro saía transportado pelos irmãos. Os presentes não contiveram as lágrimas da despedida.

 

A música tem este efeito sobre nós, eleva-nos para um estado mental diferente e talvez superior, talvez menos introspetivo, talvez menos egoísta, talvez mais próximo da “Caritate et Veritas”.

 

Sem música não existiria a civilização Ocidental, sem música talvez não existisse cultura.

09 dezembro 2023

MEDICINA & AMOR

MEDICINA e AMOR ( versão editada deste post)

 



Esta pintura a óleo do Pablo Picasso foi executada em 1897 e está em exibição no Museu Picasso de Barcelona, onde tive o privilégio de a contemplar. Comprei uma cópia e pendurei-a no escritório de casa, para inspiração.

 

Os críticos vêem no médico a autoridade e o distanciamento da ciência e na freira, representada do lado oposto, a empatia e o carinho. A doente, colocada entre o dois, necessita dos conhecimentos médicos e da caridade.

 

Esta visão, provavelmente, estaria na mente do Picasso, que tinha apenas 16 anos quando executou esta obra de arte, mas nunca me impressionou desse modo.

 

O médico, aos meus olhos, representa “a ciência e a caridade”. Sentado ao lado da doente, a tomar-lhe o pulso, o médico não é apenas um profissional de saúde. É também um ser humano envolvido na relação médico-doente, dando confiança e esperança.

 

A freira, tratando do sustento e assegurando os cuidados à criança, assume o papel de uma figura familiar. Ora a família não faz caridade, a família apoia e sustenta todos os membros por amor. A empatia é algo que nos coloca no lugar do outro, mas que não leva necessariamente à caridade, que eu defino como ajuda aos débeis e desprotegidos.

 

Em defesa do meu argumento, eu chamo a atenção para o comportamento atual de alguns médicos, que mal tocam nos doentes e que se limitam a pedir análises e exames complementares de diagnóstico.

 

Atrás dos computadores, como qualquer amanuense, esse tipo de médico nem a ciência representa porque a medicina não é uma ciência, é uma profissão e uma parte importante dessa profissão é o humanismo — a Caritas (tomo o sentido expresso pelo Papa Bento XVI na Encíclica Caritas in Veritate).

 

Citando Abel Salazar: ‹‹Quem só sabe de medicina, nem de medicina sabe››.

 

O médico do quadro do Picasso é a Ciência e a Caridade (a melhor definição da Medicina. A freira é o Amor.

08 dezembro 2023

Francamente, não me lembro (12)

 (Continuação daqui)



12. Sempre em roupão


Depois de ver a promoção que a TVI e a própria Sandra Felgueiras fizeram hoje ao longo do dia sobre o programa "Exclusivo" e as novas revelações que seriam feitas sobre o caso das gémeas luso-brasileiras envolvendo o presidente da República, eu fiquei a ver o Jornal Nacional da TVI até ao fim, sentado à espera.

Depois de muita publicidade, finalmente apareceu a Sandra Felgueiras, em roupão (cf. aqui), a dizer umas banalidades sobre o assunto, que não acrescentavam nada àquilo que já se conhecia, seguindo-se uma longa história acerca de como um grupo privado de cuidados para idosos alegadamente trata as velhinhas à sua guarda.

Findo este episódio, voltou a Sandra Felgueiras, sempre em roupão (cf. aqui), para juntar mais umas banalidades acerca das gémeas e do filho do presidente, que voltaram a acrescentar nada àquilo que já se sabia.

Publicidade enganosa, concluí.

No fim, sentei-me indignado a escrever este post para dizer que a Sandra Felgueiras está para o jornalismo de investigação como o Marcelo Rebelo de Sousa está para a presidência da República.

Tão depressa fazem qualquer coisa de jeito como rapidamente se deixam cair na trapaça. 


(Continua) 

Francamente, não me lembro (11)

(Continuação daqui)



11. Mas, os meus filhos...


Fátima Felgueiras: "E isto diz tudo...do sofrimento que a família, os amigos... mas, os meus filhos... esse foi o que mais me custou a sarar..."

Fonte: cf. aqui

Comentário: Ódios velhos pagam-se caro.


(Continua acolá)

Francamente, não me lembro (10)

 (Continuação daqui)



10. Entregou o próprio filho


-Portanto, acha que entregou o próprio filho para se salvar....

-Entregou... entregou e já tinha dito que ia entregar...


Fonte: cf. aqui, min: 0:31


(Continua acolá)

Francamente, não me lembro (9)

 (Continuação daqui)



9. Ai um bicho!

CNN Portugal: "Caso das gémeas. Lacerda Sales reuniu-se com filho de Marcelo no Ministério da Saúde" (cf. aqui)

Comentário: "Ai um bicho!" (cf. aqui)


Declaração de interesses: O post que acabo de citar com o título "Ai, um bicho!" é de 2019, exactamente o ano em que no Hospital de Santa Maria se desenrolava o caso que agora é alvo das notícias. Nessa mesma altura, no Hospital de São João do Porto, irmão gémeo do Santa Maria, desenrolava-se um caso que era em tudo semelhante no que respeita à cultura de trapaça e de mentira vigente entre os políticos e os administradores hospitalares intervenientes. Alguns dos protagonistas eram exactamente os mesmos, incluindo o presidente da República (cf. aqui) e a então ministra da Saúde, Marta Temido.

Eu nunca tinha encontrado na vida um grupo de trapaceiros assim (cf. aqui).

Devo acrescentar que, dois meses depois de ter escrito o referido post (entre as muitas centenas que escrevi na altura sobre o assunto), sofri um enfarte do miocárdio e tive que ser operado de urgência ao coração. Lidar com aqueles tratantes foi certamente um factor. (cf. aqui).

Por isso, é com grande divertimento que eu estou agora a assistir ao espectáculo do Santa Maria em 2019. Faz-me regressar à mesma época, mas no S. João do Porto, e agora somente a ver da janela. 

(Continua acolá)

Francamente, não me lembro (8)

 (Continuação daqui)


8. Genuinamente


Lacerda Sales, ex-secretário de Estado da Saúde: "Genuinamente, não me lembro" (cf. aqui).

Comentário: Ele está como o presidente. É só trocar o francamente pelo genuinamente.


(Continua acolá)

O povo (7)

(Continuação daqui)



7. A mãe


Foi ela que lançou o assunto na TVI no seu programa "Exclusivo".

Desde então, ela não tem parado. Ela entrevista convidados sobre o assunto na sua condição de pivot dos telejornais da TVI. Ela é entrevistada sobre o assunto por pivots dos telejornais da TVI. Ela dá entrevistas a outros programas de televisão sobre o assunto. Ela zanga-se com colegas de profissão sobre o assunto. Ela faz publicações nas redes sociais sobre o assunto.

Na questão das gémeas luso-brasileiras que envolvem o presidente da República, à jornalista Sandra Felgueiras só lhe falta entrevistar-se a si própria.

A virulência com que ela anda atrás do presidente da República não pode justificar-se só pelas audiências, por puro profissionalismo como ela às vezes invoca, ou por um  desejo escondido de passar para a história como a jornalista que destituiu um presidente.

Não. Na cultura feminina de Portugal a razão tem de ter um fundamento pessoal. Nenhuma mulher se atira assim a um homem sem uma forte razão pessoal.

Os homens são mais dados a ideias e ideologias, as mulheres a pessoas e relações pessoais. As mulheres tendem também a ser mais vingativas do que os homens e a possuir melhor memória, o que torna o povo português um povo tendencialmente vingativo e que não esquece facilmente.

Na cultura portuguesa, então, a política, como outros sectores da vida social, é movida, não por ideias e ideologias, mas muito mais por pessoas e relações pessoais - amores, desamores, compadrios, amigos, amigalhaços, ódios, vinganças, pagamentos de favores, ciúmes, rivalidades, invejas, etc.

E é isso que parece estar na base da virulência de Sandra Felgueiras em relação ao presidente da República.

Quando Fátima Felgueiras, a mãe de Sandra, era presidente da Câmara de Felgueiras pelo PS, Marcelo Rebelo de Sousa era presidente do PSD (1996-99). Pouco depois, em 2000, foi a demissão de um vereador do PSD que lançou Fátima Felgueiras nas mãos do Ministério Público.

Foi mais uma - na altura, uma das primeiras - grandiosas palhaçadas do Ministério Público sobre os autarcas, as quais, entretanto,  se tornaram vulgares.  Fátima Felgueiras foi acusada de 28 crimes, entre os quais corrupção que, a serem verdade, a levariam muitos anos para a prisão. (Como seria de esperar, acabou absolvida de todos eles).

Para escapar à prisão preventiva que o Ministério Público pedia para ela, fugiu para o Brasil, de onde era natural (nasceu no Rio de Janeiro em 1954). 

Dois anos e meio depois quis voltar como candidata de novo à Câmara de Felgueiras. Segundo algumas interpretações da Constituição, o estatuto de candidata garantir-lhe-ia imunidade, como veio a acontecer. 

Foram consultados, na altura, alguns constitucionalistas, entre os quais Marcelo Rebelo de Sousa, que achou que não. Para este constitucionalista, pronunciando-se em claro conflito de interesses sobre uma adversária política, Fátima Felgueiras, se regressasse ao país, deveria ir mas era para a prisão (cf. aqui).

Fátima Felgueiras regressou e ganhou a Câmara. Já durante a sua nova presidência, o comentador de televisão Marcelo Rebelo de Sousa, provavelmente movido por algum ressentimento, comparou o caso judicial de Fátima Felgueiras com o caso Apito Dourado e o caso Isaltino Morais.

Fátima Felgueiras não gostou (cf. aqui). E a filha, essa, parece que nunca esqueceu.


(Continua)  

07 dezembro 2023

o povo (6)

 (Continuação daqui)



6. Uma figura de mulher


A cultura popular portuguesa, como em todos os países de cultura católica, tem sido descrita como uma cultura feminina.

A razão é que a cultura católica é uma cultura comunitária e, no centro da comunidade, está sempre uma figura de mulher - a mãe, teologicamente, a figura de Maria.

A própria padroeira de Portugal é uma figura de mulher, Nossa Senhora da Conceição, cujo dia se celebra amanhã e que antigamente era mesmo o Dia da Mãe.

Segue-se que, entre um homem e uma mulher, o povo português é mais adequadamente representado por uma figura de mulher.

Não é por acaso que o mais populista dos presidentes da República que Portugal teve em democracia - que não é um homem do povo, mas que gosta de aparentar - esteja agora a ser virulentamente destruído por uma figura de mulher.


(Continua acolá)

o povo (5)

 (Continuação daqui)

Marcelo: "Sem o povo, sem a arraia miúda, nunca teria havido Portugal" (cf. aqui)


5. A arraia miúda

O mais populista de todos os presidentes da República, às vezes tinha umas tiradas de aristocrata, como na sessão comemorativa do 10 de Junho de 2022 em Braga (cf. acima).

A arraia miúda nunca lhe irá perdoar, como agora se está a ver.

Ele vai ser engolido pela arraia miúda.


(Continua acolá)

o povo (4)

 (Continuação daqui)



4. Convenientemente dirigido

-Sem paixão, sem excessivo nacionalismo, as qualidades do povo português são superiores aos seus defeitos... Bondoso, inteligente, sofredor, dócil, hospitaleiro, trabalhador, facilmente educável, culto.

-Culto?...

-Não se espante. Somos uma raça antiga, com velhas tradições e com sólidos princípios: a cultura do povo é compatível com o seu fraco nível de instrução.

-E quais os seus defeitos?

-Não é difícil classificá-los, enumerá-los porque, não sendo profundos, existem à flor da pele. Excessivamente sentimental, com horror à disciplina, individualista talvez sem dar por isso, falho de espírito de continuidade e de tenacidade de acção. A própria facilidade de compreensão, diminuindo-lhe a necessidade de esforço, leva-o a estudar todos os assuntos pela rama, a confiar demasiado na espontaneidade e brilho da sua inteligência. Mas quando enquadrado, convenientemente dirigido, o português dá tudo quanto se quer.

(Salazar, entrevista a António Ferro, 1938)


Comentário: O problema é esse. Excelente quando é dirigido, é um desastre quando é chamado a dirigir, como acontece numa democracia. Destrói as instituições, como agora se está a ver: governo, presidência da República, justiça...

(Continua acolá)

o povo (3)

 (Continuação daqui)

"... o Dr. Nuno Rebelo de Sousa, meu filho..."


3. Povo e massa

Ao fim de 50 anos, não é certo que a democracia em Portugal tenha conseguido transformar o povo em massa, condição sine qua non para a sua sobrevivência.

Sobre a pessoa do presidente da República, a propósito do caso das gémeas luso-brasileiras, caiu o paradigma do conflito entre o povo e a massa - que é o conflito entre o pai de família e o político partidário -, entre a sociedade autoritária, que é a preferida do povo, e a sociedade democrática, que é a preferida da massa:

"A figura social mais detestada pela massa é o pai (ou a mãe) de família, que é o homem (ou mulher) comunitário por excelência. Pelo contrário, a figura mais detestada pelo povo é o político partidário, que é o homem (ou mulher) sectário por excelência. É no confronto entre o pai de família e o político partidário que, em última instância, se decidirá o futuro de uma sociedade, se ela permanecerá um  povo ou se, pelo contrário, se converterá numa massa".

Fonte: cf. aqui

(Continua acolá)

o povo (2)

 (Continuação daqui)




2. A mão

Na qualidade de presidente e homem de poder, Marcelo Rebelo de Sousa ignorou uma regra básica na relação com um povo de cultura católica, como é o povo português.

Não se dá confiança ao povo.

Como o Papa exemplifica, o povo está cá em baixo e ele está lá em cima perfeitamente separado e acima do povo. Nada de proximidades.

Quando, nesta cultura, um homem em posição de poder dá confiança ao povo, acontece-lhe o seguinte: primeiro, o povo toma-lhe a mão, depois o braço, em seguida o ombro, até finalmente o engolir.

É o que está a acontecer ao presidente da República. 

(Continua acolá)

Um passo de gigante (121)

 (Continuação daqui)



121. Na senda dos criminosos


Sempre na senda dos criminosos, o DIAP de Lisboa abriu um inquérito-crime contra desconhecidos no caso das gémeas (cf. aqui):

São os seguintes:

Marcelo Rebelo de Sousa

Nuno Rebelo de Sousa

Fernando Frutuoso de Melo

Maria João Ruela

António Lacerda Sales

Marta Temido

Os pais das gémeas

Jamila Madeira

Luís Pinheiro

Daniel Ferro

António Costa


Fonte: cf. aqui 


(Continua)



06 dezembro 2023

Um passo de gigante (120)

 (Continuação daqui)



120. A alma mater


Os portugueses gostam tanto da democracia que duas das mais altas figuras do Estado democrático - presidente da República e primeiro-ministro - estão agora sob investigação criminal e sujeitos a irem parar à prisão.



É a própria democracia que está em vias de ser posta na prisão. Em ambos os casos, os indícios apontam para o crime de tráfico de influências - cunha, uma das mais genuínas tradições portuguesas, agora tornada crime.



Por outro lado, os portugueses parecem gostar tão pouco da Inquisição, na sua versão moderna do Ministério Público, que a decisão de a democracia ir  ou não parar à prisão está largamente nas mãos da Procuradora-Geral da República.


É altura de perguntar: O que é que une estas três altas figuras do Estado democrático -, presidente da República, primeiro-ministro e Procuradora-Geral da República -, o que é que há de comum entre elas?

O facto de as três provirem da Faculdade de Direito de Lisboa (FDL), a alma mater da nova Inquisição e da cultura anti-democrática em Portugal. 

O mal português actual tem largamente a sua origem aí, na cultura que irradia da FDL para os mais altos postos da governação do país. Os seus alumni chegam ao ponto de se perseguirem uns aos outros e de se desejarem ver uns aos outros na prisão.


(Continua acolá)

05 dezembro 2023

CIÊNCIA E CARIDADE

CIÊNCIA E CARIDADE

 



Esta pintura a óleo do Pablo Picasso foi executada em 1897 e está em exibição no Museu Picasso de Barcelona, onde tive o privilégio de a contemplar. Comprei uma cópia e pendurei-a no escritório de casa, para inspiração.

 

Os críticos vêem no médico a autoridade e o distanciamento da ciência e na freira, do lado oposto, a empatia e o carinho. A doente, colocada entre o dois, necessita dos conhecimentos médicos e do apoio “familiar”.

 

Esta visão, provavelmente, estaria na mente do Picasso, que tinha apenas 16 anos quando executou esta obra de arte, mas nunca foi o meu sentimento.

 

O médico, na minha perspectiva, representa “a ciência e a caridade”. Sentado ao lado da doente, a tomar-lhe o pulso, o médico não é apenas um profissional de saúde, é também um ser humano envolvido na relação médico-doente, dando confiança e esperança.

 

A freira, tratando do sustento e assegurando os cuidados à criança, é uma figura familiar. Ora a família não faz caridade, a família apoia e sustenta todos os membros. A empatia é algo que nos coloca no lugar do outro, mas que não leva necessariamente à caridade, que eu defino como ajuda aos débeis e desprotegidos.

 

Em defesa do meu argumento, eu chamo a atenção para o comportamento atual de alguns médicos, que mal tocam nos doentes e que se limitam a pedir análises e exames complementares de diagnóstico.

 

Atrás dos computadores, como qualquer amanuense, esse tipo de médico nem a ciência representa porque a medicina não é uma ciência, é uma profissão e uma parte importante dessa profissão é o humanismo.

 

Citando Abel Salazar: ‹‹Quem só sabe de medicina, nem de medicina sabe››.

 

O médico do quadro do Picasso é a Ciência e a Caridade. A freira é o amor.

04 dezembro 2023

Um passo de gigante (119)

 (Continuação daqui)



"Francamente, não me lembro" (cf. aqui)


119. Indícios


Depois da declaração de hoje (cf. aqui), o que é que o Ministério Público está à espera para constituir arguido o Presidente da República por suspeitas do crime de tráfico de influências? 

Por indícios muito mais frágeis, às vezes inexistentes, o Ministério Público tem constituído arguidos milhares de cidadãos indefesos neste país.

O Ministério Público constitui as pessoas arguidas com base em meros indícios (cf. aqui), não precisando de provas. 


(Continua acolá)

Um passo de gigante (118)

 (Continuação daqui)



118. Assalto à mão armada

Quando um grupo de homens armados invade a casa de uma pessoa decente, que não cometeu crime nenhum, para se apropriar dos haveres da vítima, ainda que seja somente o computador, o telemóvel e documentos pessoais, não estamos em presença de uma diligência judicial.

Estamos em presença de um crime: assalto à mão armada.

Aconteceu a Rui Rio no Verão passado, e foi filmado em directo pelas televisões. 

O Ministério Público faz rotineiramente o mesmo a milhares de cidadãos anónimos que, ao contrário de Rio, não têm a possibilidade de aceder aos meios de comunicação social para se queixarem desta criminalidade oficial.

Também de pouco lhes valia. Os criminosos oficiais vivem acima da lei.


(Continua acolá)

Um passo de gigante (117)

 (Continuação daqui)

José Vilela, vice-presidente da Câmara de Castelo de Paiva


117. As mais recentes vítimas

O vice-presidente da Câmara de Castelo de Paiva, José Vilela, foi absolvido esta segunda-feira no Tribunal da Feira de três crimes de participação económica em negócio, por violação das normas da contratação pública.

O caso ocorreu entre 2013 e 2017, quando José Vilela era presidente da União de Freguesias de Sobrado e Bairros, em Castelo de Paiva, no distrito de Aveiro.

Em causa, segundo a acusação do Ministério Público (MP), estava o facto de o autarca eleito pelo PSD ter contratado a mulher de um primo e um outro trabalhador sem recorrer ao concurso público, como mandava a lei.

Além de José Vilela, o processo tinha mais seis arguidos, designadamente os dois trabalhadores envolvidos no caso e duas empresas e os respetivos gerentes, que respondiam também pelo mesmo crime.

Fonte: cf. aqui


(Continua acolá)