01 junho 2023

O IMPÉRIO DE DIONISO

 



O Império da Lei é a essência do liberalismo, da Lei como reflexo do conjunto de princípios a que a sociedade voluntariamente se submete para garantir a ORDEM e o PROGRESSO.

Esse conjunto não é inventado, nem arbitrário. Emana de direitos naturais que residem no coração humano – Agostinho – e que são essenciais à sobrevivência da espécie. Isto é evidente quando aceitamos que o princípio maior, o mais inquestionável e imprescindível é o DIREITO À VIDA.

Todos os outros direitos decorrem desse princípio maior, que exige liberdade para a ação, para guardar os frutos dessa ação e para buscar a felicidade que é o resultado de uma vida profícua – Aristóteles.

A eterna luta pelo poder e riqueza, porém, tem tendência a corromper esse tal Império da Lei, criando oligarquias e submetendo a maioria a uma subserviência próxima da escravatura.

O liberalismo colapsa e com ele a “Pax Liberal” quando os oligarcas se tornam impunes e a justiça se transforma numa arma política contra a populaça. Entra-se no território da arbitrariedade, da insegurança da propriedade privada e, em última instância, da vida. Enfim, entra-se no território do iliberalismo.

Estou convencido de que, no Ocidente, o próspero período da Pax Liberal terminou e estamos a lidar com o espectro macabro do iliberalismo. O regresso da censura, o confisco de bens e as detenções arbitrárias por motivos insignificantes e por vezes até burlescos, chegariam para confirmar esta minha opinião. Acrescentemos a impunidade total dos governantes e o quadro fica completo.

O futuro que nos aguarda parece-me já desenhado e bastaria um superficial conhecimento da história ou a leitura dos clássicos – estou a pensar em Nietzsche – para não nos surpreendermos. Apolo sai de cena e entra Dioniso...

O racionalismo dá lugar ao emocionalismo, a ordem dá lugar à desordem, a ciência dá lugar à charlatanice e a VERDADE dá lugar ao embuste.

Vivemos um período de ressurgimento do paganismo, de superstições, de abandono das restrições sociais, de entrega ao deboche sexual e até a rituais satânicos. Tudo embalado num véu de “virtudes” que permite cancelar qualquer Velho do Restelo ou Cassandra.

Nietzsche acreditava que estas fases eram necessárias para a renovação social e que eventualmente a sociedades regressariam a novos períodos Apolíneos, de ordem e progresso, depois da “destruição criativa”, do caos Dionisíaco. É possível que sim, mas se assim for a procissão ainda vai no adro.

O caos clama por revoluções e guerras e, voltando aos clássicos, como as tragédias estão sempre à espreita, o melhor é prepararmo-nos para o pior.

A Pax Liberal foi boa enquanto durou e por certo vai regressar, mas só no fim deste ciclo infernal que está a decorrer.


30 maio 2023

O povo abandalha tudo

Os portugueses, na sua cultura católica, acreditam na diferença entre as pessoas.

O bispo é superior ao padre e o cardeal é superior ao bispo, sendo que um dos cardeais é Papa, e este é superior a todos.

A Igreja Católica é governada por uma elite (de cardeais, sob o comando do Papa) e é assim também o modelo de governação adequado a Portugal.

Quando a elite é afastada da governação e a governação é entregue ao povo, a degradação é o resultado.

Possuindo muitas qualidades, o povo português não possui uma que é essencial para a governação.

O povo não possui julgamento. O povo abandalha tudo.

É a isso que estamos a assistir na vida pública e nas instituições.

Acabou-se

TVI: "Espanha: Ciudadanos não vai concorrer às eleições de Julho" (cf. aqui).

Acabou-se.

O Ciudadanos era, em Espanha, o partido-irmão da Iniciativa Liberal em Portugal (cf. aqui)


29 maio 2023

uma corporação criminosa

Rui Moreira. presidente da Câmara do Porto, sobre o Ministério Público a propósito da Operação Tutti Frutti: cf. aqui.

É encorajador que um número crescente de vozes venham a público criticar o Ministério Público. As intervenções só pecam por serem tardias, e eu receio que seja mesmo tarde demais.

No seu comentário televisivo, Rui Moreira questiona a democraticidade do Ministério Público e faz uma referência à Inquisição.

Claro que o Ministério Público é uma instituição não-democrática, porque os seus procuradores não são eleitos. São meros burocratas de carreira. Nos países com verdadeira tradição democrática, o Ministério Público não é independente do poder político, como em Portugal, mas está sujeito à tutela do ministro da Justiça e, portanto, do Governo (este sim, democraticamente eleito).

Mas este aspecto da questão tem a seu lado um outro ainda mais importante. 

A Revolução Liberal  acabou com a Inquisição  em 1821, a qual, desde o Marquês de Pombal, já era uma instituição dependente do Estado, e não da Igreja.

Poucos anos depois (1832) foi criado o Ministério Público para substituir a Inquisição. Foi uma daquelas reformas em que os portugueses são especialistas - mudam-se os nomes para ficar tudo na mesma.

A Inquisição foi a instituição utilizada pelos países católicos a partir do século XVI, com Espanha e Portugal à frente, para combater as ideias democráticas que vinham do norte da Europa com o advento do protestantismo.  

No seu objectivo, que era o de lutar contra a democracia e a liberdade de expressão e pensamento, a Inquisição é a mais anti-democrática instituição do Ocidente cristão.

Ora, o Ministério Público foi criado no seguimento e na tradição da  Inquisição. Que dúvidas podem restar que esta instituição continua a fazer o seu trabalho de corroer a democracia? 

Rui Moreira, ocupando um lugar institucional na sociedade portuguesa, não pode ser muito explícito e contundente. Porque, para quem tenha liberdade de expressão mais ampla, só existe uma maneira de qualificar o Ministério Público sob o ponto de vista democrático - é uma corporação criminosa. 

O próprio Rui Moreira já sentiu o bafo dos criminosos (cf. aqui). No dia em que conheceu a decisão instrutória que o mandava para julgamento por uma acusação do Ministério Público que se provou ser falsa, apareceu na televisão a chorar. Ser vítima de um crime é sempre doloroso, sobretudo quando os criminosos se apresentam como fazendo parte do sistema de justiça.

São criminosos oficiais ou criminosos legais, que não respondem pelos crimes que cometem. Mas, apesar disso e por isso mesmo, não deixam de ser criminosos, e os mais perigosos de todos os criminosos.

o próximo



Em Espanha, ontem, desapareceu eleitoralmente mais um partido (Ciudadanos) que era presidido por uma mulher (Inés Arrimadas).

Em Portugal, para além do PAN, o próximo será o Bloco de Esquerda (cf. aqui).

A cultura católica de Portugal e Espanha tem uma mulher no centro da comunidade (Maria). Nesta cultura, a mulher é tendencialmente mais comunitária do que o homem. Ela é o centro da comunidade, a começar na família. 

O partido, como o nome indica, visa partir (a comunidade), é uma instituição divisiva ou sectária. Segue-se que, nos países de cultura católica, a própria cultura desfavorece a mulher para ser líder partidária.

Senhoras Thatcher ou  Merkel em Portugal ou Espanha são extremamente improváveis.

28 maio 2023

o mistério do vírus



As escutas telefónicas da Operação Tutti Frutti que, ao cabo de sete anos, não conduziram à constituição de um arguido sequer, do ponto de vista criminal parecem ter sido escutas em vão.

A menos que exista outro propósito nas escutas.

Foi esta dúvida que me levou de volta a um post deste blogue escrito há quase três anos mas que continua a ser partilhado a um ritmo quase diário.

O post tem o título "O vírus (III)" e nele se descrevem as escutas telefónicas que, no âmbito da Operação Vírus de Sonho, as magistradas Lili e Fafá fizeram ao magistrado X até lhe chegarem ao vírus: cf. aqui

Será que a procuradora Andrea Marques, que conduz a Operação Tutti Frutti - e que é conhecida neste blogue por mandar perseguir jornalistas e acusar inocentes (cf. aqui e aqui) -, à semelhança das suas colegas Lili e Fafá, também anda atrás do vírus de alguém?

27 maio 2023

o único

 



No campo da Economia, o único partido verdadeiramente liberal no Parlamento é a Iniciativa Liberal, e o Carlos Guimarães Pinto o seu mais destacado deputado nesta área.

A IL teve o mérito de trazer o liberalismo económico para o Parlamento português, uma corrente de pensamento que até aí não tinha representação parlamentar.

Para avaliar a importância deste feito basta referir que agora até o PS diz que é liberal, e mais liberal que a própria Iniciativa Liberal (cf. aqui)

debate sobre o neoliberalismo

Uma excelente intervenção do deputado Carlos Guimarães Pinto da IL sobre o Centro de Estudos Sociais (CES) da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (cf. aqui). Particularmente hilariante é a referência ao debate sobre o neoliberalismo organizado pelo CES.

um alegre passatempo

A tese que tenho vindo a defender desde há anos neste blogue, de que o Ministério Público é a instituição que mais corrompe a democracia e que, se ninguém o parar, um dia acabará com ela, começa a ganhar adeptos: cf. aqui.

(A tese, na realidade, vai um pouco mais além - afirma que o Ministério Público é a maior corporação oficial de criminosos que existe no país).

Na  chamada operação Tutti Frutti, o Ministério Público anda há sete anos a escutar os telefones às pessoas mas, ao cabo de todo este tempo, ainda não conseguiu encontrar um criminoso sequer, nem sequer um mero suspeito (cf. aqui e aqui).

O que é que fica de tudo isto, para além daquilo que já sabíamos, que a nossa vida política está largamente entregue a putos que nunca fizeram nada na vida e vivem da traficância política?

Fica uma conclusão bem pior, a de que para os magistrados do Ministério Público, escutar os telefones às pessoas é um alegre passatempo. 

23 maio 2023

a brasileirização da política

A política portuguesa entrou num processo que se pode descrever por "brasileirização da política" por se referir a um país que é próximo de nós e que transporta com ele uma boa parte da herança cultural que os portugueses nele deixaram.

A brasileirização da política  caracteriza-se por uma degradação progressiva da qualidade dos agentes políticos e do debate político, pela erosão gradual do prestígio das instituições, pela crescente judicialização da política e politização da justiça, com a consequente perda de confiança no sistema judicial (a certa altura as decisões políticas passam a ser tomadas por juízes e as decisões judiciais por políticos disfarçados de juízes).

Quando este processo é levado ao seu limite, a democracia termina.

Em Portugal não devemos estar muito preocupados acerca de quando é que isto pode acontecer porque, se acontecer, vai acontecer primeiro no país-irmão, o qual fará soar os alarmes.

20 maio 2023

putos mimados

Partilho a opinião do António Barreto no artigo "Uma República de Garotos" (cf. aqui).

Somos governados por putos mimados.