(Continuação daqui)
V. Homo sexus - de costas voltadas
A sua colega chamou-lhe a atenção de que estava a fazer batota, que o Estado português estava farto de ser condenado no TEDH por decisões como esta, que o político ofendido se tivesse deixado de mariquices e que se tivesse defendido, pois para isso tinha sido convidado (cf. aqui e aqui).
Mas o juiz não fez caso. Outros valores mais altos se alevantavam, havia sexo e havia igreja, e, neste caso, também havia dinheiro, um bem muito precioso para o juiz que passa a vida a rezar pelos pobrezinhos. Arrebatou a função de juiz relator à sua colega e condenou o réu (cf. aqui).
O réu foi condenado a pagar 10 mil euros de indemnização ao político, mais cinco mil à sociedade de advogados de que ele era director na altura, mais juros de mora contados à taxa anual de 4%, e ainda custas judiciais e advogados, tudo ascendendo a várias dezenas de milhar de euros.
O juiz era um duplo batoteiro porque não só fez batota com a jurisprudência - o caso corre agora no Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, esperando-se o desfecho para breve, cf. aqui - como era confrade do político numa associação de que era presidente da assembleia geral (cf. aqui).
Esta é, em resumo, a história do meu case-study, através do qual, ao longo dos últimos cinco anos eu tenho procurado mostrar a corrupção que grassa na política e, pior ainda, na justiça, e em que o juiz é uma figura central.
Pois bem, mas até aqui temos só o juiz. E sexo, há sexo?
Claro que há sexo, onde está o juiz, mais cedo ou mais tarde aparece o sexo (e também a igreja).
O político que o juiz favoreceu no acórdão viria a revelar-se mais tarde um homossexual assumido (cf. aqui). A notícia, quando apareceu, não era propriamente uma novidade na cidade de onde o político é originário e talvez também não para metade do país. Na realidade, eu próprio já tinha adiantado que na armada de testemunhas que ele levou para o tribunal, estava bem representado o lobby gay e ele vinha logo à cabeça (cf. aqui).
Aquilo que talvez fosse novidade é que, enquanto decorria no tribunal de primeira instância o meu case-study, a vox populi afirmava convictamente que o político mantinha um relacionamento com uma testemunha crucial do processo e que, naturalmente, também fazia parte da armada (cf. aqui).
Esta situação deu lugar a um episódio curioso. Foi quando o magistrado do Ministério Público perguntou ao político quando é que tinha tomado conhecimento do comentário televisivo, e o político respondeu que tinha sido na manhã do dia seguinte (cf. aqui).
Nesse momento eu dei um salto no banco dos réus e, espantado, perguntei-me a mim próprio:
-Só na manhã do dia seguinte!? Mas então, eles dormem de costas voltadas um para o outro!?
Neste ponto do meu case-study, já temos juiz e já temos sexo.
E a igreja?
Essa vem já a seguir.
(Continua)
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