19 abril 2025

A Decisão do TEDH (437)

 (Continuação daqui)




437. Em português vernáculo

Eu era um jogger há mais de quarenta anos. Mas agora, naquele fim de Março de 2018 - o julgamento decorria há dois meses, as mentiras jorravam pelas paredes da sala do tribunal -, cada vez que começava a correr, eu sentia uma pressão no peito, que me fazia desistir. Atribuí à idade, no fim de contas eu já tinha feito 64 anos há pouco mais de dois meses.

Foi esse sintoma, mais o enorme cansaço que sentia, mais as insónias e as náuseas, que me levaram a pedir ajuda médica. Ponderei falar ao meu filho-médico, mas acabei por pedir ajuda a um médico das minhas relações e que tem aproximadamente a minha idade. Há coisas que um pai tem relutância em admitir perante um filho, ainda que ele seja médico.

É que o sintoma decisivo que me levou a pedir ajuda médica não foi nem a pressão no peito, nem as insónias, nem o cansaço nem mesmo as náuseas. Foi outro o sintoma que lançou o pânico no meu espírito, algo que eu nunca tinha sentido, intimamente até tinha um certo orgulho em nunca o ter sentido, um sintoma que eu pensava que só acontecia aos outros. Afinal, agora, também me acontecia a mim. Para o meu amor próprio foi catastrófico. Eu precisava mesmo de ajuda médica, não havia agora qualquer dúvida no meu espírito.

Foi por causa desse sintoma que o médico que me aconselhou não se limitou a referir-me imediatamente para uma consulta de cardiologia no Hospital da Luz (Póvoa do Varzim), à qual já fiz referência (cf. aqui). Não, ele aconselhou-me mais, algo que, por pudor, eu nunca referi em público. Ele remeteu-me também para uma consulta urgente de urologia no mesmo Hospital.  

São os relatórios desses exames de urologia que eu irei juntar aos de cardiologia no Processo Cível que vou mover contra a Cuatrecasas, depois de conhecida a decisão do Tribunal da Relação do Porto, e caso a Cuatrecasas insista em não falar comigo (cf. aqui).

Fica por saber que sintoma misterioso era esse que desencadeou em mim o pânico e me levou a pedir ajuda médica, que me inibiu de consultar o meu filho, que me induziu a procurar um médico da minha idade, e que levou o médico a aconselhar-me, para além de uma consulta urgente de cardiologia, também uma consulta urgente de urologia.

Que pressão era essa a que a Cuatrecasas me submetia agora há mais de dois anos - primeiro, a queixa-crime, depois a constituição como arguido, em seguida a abertura de instrução que confirmou a acusação, e agora o julgamento, para além das notícias caluniosas na comunicação social (cf. aqui) - e que, naquele final de Março de 2018 me levou directamente para as marquesas dos serviços de cardiologia e de urologia do Hospital da Luz (Póvoa do Varzim)?

O meu embaraço com a remissão para o serviço de urologia era tanto maior quanto é certo que, da última vez  que eu fizera exames dessa especialidade no mesmo Hospital (esses, de rotina), o médico terminou os exames dizendo que eu tinha "Uma grande martelada" (cf. aqui). 

Mas, agora, que sintoma misterioso e recente era esse que me levava de volta ao serviço de urologia do Hospital da Luz (Póvoa do Varzim), mas desta vez, não de rotina, e muito menos de martelo em riste, mas com a crista literalmente em baixo?

Entrei no gabinete do urologista, sentei-me diante dele e ele ficou à espera que eu me queixasse. E eu queixei-me. Queixei-me de impotência. 

Em português vernáculo, a Cuatrecasas tinha conseguido tirar-me a tesão. 


(Continua acolá)

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