Atacar o populismo é atacar o povo?
Atacar um partido populista apenas pelas suas incoerências e contradições é, em termos estratégicos, um erro crasso.
É um erro porque o populismo, por definição, procura representar as vontades do povo — não através da razão, mas apelando diretamente às emoções.
Assim, o partido que centra o seu discurso em críticas ao populismo corre o risco de parecer que está a criticar o próprio povo (e, em particular, as mulheres), ou seja, os eleitores de que precisa para ter alguma relevância política.
O CHEGA, enquanto principal partido populista em Portugal, posiciona-se como uma força antissistema, que promete transformar a política nacional e libertar o país do alegado imobilismo centrista/socialista, culpado por décadas de estagnação económica, corrupção, insegurança e imigração descontrolada.
O partido faz eco das principais preocupações dos portugueses: desejam melhores salários, querem livrar-se dos “parasitas políticos”, viver em segurança e preservar a sua cultura e tradições.
Criticar o CHEGA com base nestas ideias? É o mesmo que criticar 99% dos portugueses. Mais vale apagar a luz e sair discretamente pela porta dos fundos.
É inegável que os portugueses estão fartos dos partidos do chamado “arco da governação” — PSD e PS. E, neste cenário, o único espaço político verdadeiramente disponível é o da contestação e do não alinhamento, com propostas que rompam com o status quo.
A Iniciativa Liberal cresceu precisamente neste espaço, mas perdeu protagonismo ao “normalizar-se” e ao cometer o erro fatal de se focar quase exclusivamente em criticar o populismo do CHEGA — muitas vezes de forma hostil e desdenhosa.
Outro erro foi o afastamento da MAGA, o movimento populista mais marcante e transformador da atualidade. A MAGA representa o povo trabalhador e, como todo o populismo genuíno, é profundamente anti-elitista.
Ao distanciar-se da MAGA, a IL acaba por alinhar-se com as elites, perdendo o seu carácter contestatário. É um caminho que conduz, inevitavelmente, ao apagamento.
O futuro do CHEGA depende agora da sua capacidade de interpretar o populismo norte-americano e adaptá-lo à realidade portuguesa.
Quanto ao PSD e ao PS, já deram tudo o que tinham a dar. Estão politicamente esgotados — casos para os quais bem se justificaria uma eutanásia política.
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