(Continuação daqui)
68. Uma cortesia de Joseph Ratzinger
Uma das grandezas da América são as ideias, a crença no poder das ideias, e a capacidade para as pôr em prática. Ideas do matter!
A nova Administração americana, que está a operar uma verdadeira revolução não apenas nos EUA, mas também em todo o mundo, está muito influenciada por uma nova corrente de ideias chamada Post-liberalismo, a qual possui uma grande influência católica. Eu definiria esta corrente de ideias como sendo o liberalismo americano temperado pelo catolicismo (em termos religiosos é a catolicização do calvinismo).
Esta nova influência do catolicismo no mundo das ideias deve muito ao cardeal Joseph Ratzinger, mais tarde Papa Bento XVI, o maior doutrinador católico dos últimos séculos. Foi ele, ainda sob o pontificado de João Paulo II, que considerou prioritário codificar de novo a doutrina católica. Foi ele também que presidiu à comissão que elaborou o novo Catecismo da Igreja Católica (cf. aqui) publicado em 1992 pelo Papa João Paulo II.
A Igreja já não publicava um Catecismo há 500 anos, desde o Concílio de Trento, permitindo a qualquer intelectual ou teólogo formular doutrinas, às vezes profundamente anti-católicas, e apresentá-las como sendo católicas. Sucedeu assim com a Teologia da Libertação, nos últimos cinquenta anos muito popular na América Latina, e que na prática, acabava a recomendar a luta de classes para resolver os problemas da pobreza no mundo. Ora, isto não era catolicismo nenhum porque Cristo veio ao mundo pregar o amor entre os homens, e não a luta entre eles.
O Concílio Vaticano II apenas veio juntar à confusão doutrinal do catolicismo. O jovem Ratzinger entrou para o Concílio como um teólogo progressista, mas saiu de lá como um conservador, e o seu conservadorismo viria a acentuar-se quando o Papa João Paulo II o nomeou Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé (antiga Inquisição), o departamento do Vaticano que zela pela pureza da fé católica. Bento XVI viria a considerar o Catecismo a obra da sua vida.
A desorientação doutrinal em que a Igreja viveu durante os séculos que se seguiram à Reforma protestante, e à qual o Catecismo veio pôr fim, fez o catolicismo perder miseravelmente a batalha das ideias para o protestantismo, e os países que mais sofreram com isso foram precisamente os mais católicos - Espanha e Portugal (e os seus descendentes, sobretudo na América Latina).
A partir da publicação do Catecismo não existem mais dúvidas acerca daquilo que é católico e daquilo que não é católico. É católico tudo o que está contido nos 2865 artigos ou parágrafos do Catecismo; não é católico tudo o que está fora dele.
Perante esta certeza doutrinal, o catolicismo voltou a ser respeitável intelectualmente outra vez. É muito gratificante vê-lo ressurgir de novo, ainda por cima a influenciar as ideias que governam o país mais poderoso do mundo. É uma cortesia de Joseph Ratzinger.
(Continua acolá)

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