(Continuação daqui)
XXXV. Ideias liberais
A Iniciativa Liberal já descartou o apoio ao Almirante Gouveia e Melo porque, segundo o presidente do partido, o Almirante "não representa ideias liberais" (cf. aqui).
Na minha a opinião, ao Almirante não faz falta o apoio de nenhum partido, nem deve pedir o apoio a nenhum partido, mas a questão por que trago aqui a Iniciativa Liberal é diferente.
Existe certamente uma semelhança entre as ideias da Iniciativa Liberal e as ideias do Almirante porque o Almirante, tal como a Iniciativa Liberal, dá primazia à Economia (cf. aqui). Mais, parece que ambos dão primazia à Economia em nome da liberdade (cf. aqui).
Mas, então, como pode o presidente da Iniciativa Liberal dizer que o Almirante "não representa ideias liberais"?
A resposta está numa monstruosa incompreensão por parte do presidente da IL acerca de como se realiza o liberalismo económico num país de cultura anglo-saxónica e protestante, como a Inglaterra, os EUA ou o Canadá - e que a Iniciativa Liberal procura imitar - e como ele se realiza num país de cultura católica, como Espanha, o Chile, ou Portugal, que é a cultura do Almirante.
Num país de cultura anglo-saxónica e protestante (calvinista), o liberalismo económico é essencialmente liberdade de escolha, e realiza-se tirando a autoridade do caminho de cada um. Num país de cultura católica, pelo contrário, o liberalismo é sobretudo libertação (da opressão) e realiza-se pondo a autoridade no caminho para que ninguém o obstrua ou perturbe os outros na caminhada comum.
Em suma, um inglês ou um americano sente-se livre quando não vê a autoridade no seu caminho, já um português ou um espanhol sente-se livre quando, literalmente, ninguém o chateia no caminho.
Quer dizer, é muito mais provável que uma figura de autoridade, como a do Almirante, contribua para tornar os portugueses livres - tal como eles entendem a liberdade - do que a Iniciativa Liberal que no seu programa eleitoral de 2022, com mais de 600 páginas (cf. aqui) punha o Estado, literalmente, em todos os recantos da vida dos portugueses. Estado mais chato é difícil imaginar, como a própria IL viria a constatar, reduzindo o seu programa eleitoral em 2024 para cerca de 170 páginas (cf. aqui).
O presidente da Iniciativa Liberal não compreendeu que, em termos de liberalismo económico, tal como entendido pelos portugueses (e não pelos ingleses, americanos ou australianos), o Almirante Gouveia e Melo é bem capaz de ser tão ou mais liberal do que ele. Ele é o homem certo para promover o Estado Subsidiário que a IL inovadoramente defendeu em 2019 (cf. aqui) na primeira vez que se apresentou a eleições legislativas (embora na altura sob a liderança do Carlos Guimarães Pinto, um antigo colaborador deste blogue).
E a razão é por ser um militar, como explicarei a seguir.
(Continua acolá)
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