20 maio 2024

A Decisão do TEDH (187)

 (Continuação daqui)


187. Devia acabar

Eu acho que teria dado um bom advogado. Acho, não, tenho a certeza porque ainda agora meti no bolso, só de uma vez, uma dúzia de advogados (cf. aqui), isto para não falar em juízes e magistrados do Ministério Público. E a dúzia não era de advogados quaisquer. Só da Cuatrecasas eram cinco (cf. aqui), a sociedade de advogados mais inovadora da Europa (cf. aqui).

Mas se eles, no campo do Direito e da Justiça, não conseguem vencer sequer um advogado amador como eu, eles, afinal, inovam em quê?

-No crime. 

Uma boa parte da inovação é nas práticas criminosas. Eles abandonaram a área da justiça e enveredaram pela área do crime. Está aí a grande inovação: cometer crimes sob a aparência de que estão a fazer justiça. Negócio mais inovador é difícil de encontrar.

Quando se tratou de Direito e de Justiça, perante um tribunal independente em Estrasburgo como o TEDH, eu dei-lhes uma abada de 7-0 (cf. aqui). Aqui em Portugal, perdi em toda a linha porque não estava em causa o Direito e a Justiça mas uma operação de intimidação, assassínio de carácter, devassa da vida privada e extorsão - em suma, uma operação própria de jagunços, não de agentes da justiça. Neste campo, eu tenho de admitir, como de resto se tornou óbvio, que não consigo batê-los.

Se eu fosse advogado seria advogado em prática individual e estaria nesta altura a travar uma guerra sem quartel contra as grandes sociedades de advogados e contra a própria Ordem dos Advogados. Umas e outra têm hoje um canal de comunicação importante no jornal ECO através do suplemento Advocatus. É curioso que um jornal económico tenha um suplemento dedicado ao mercado da advocacia, talvez porque a "advocacia" das grandes sociedades de advogados se tenha tornado um dos negócios mais prósperos do país.

Mas, de vez em quando, lá vem um artigo, a falar da advocacia liberal. Como a fonte é a Ordem dos Advogados, eu não acredito no título do artigo a que me vou referir:  "Advogados em prática individual rondam 85% da classe. Os desafios são muitos" (cf. aqui). Estou muito convencido que o artigo é inspirado na leitura deste blogue, e em que se pretende, por uma vez ou outra, dar voz aos advogados em prática individual e confortá-los.

As opiniões nele expressas não são muito favoráveis em relação à Ordem e a outros players:

“Os advogados estão cada vez mais a afastar-se da OA e das suas estruturas. O sentimento geral é de que a Ordem não serve para nada, não tem prestígio nem força interventiva, e, sobretudo, a geração mais nova de advogados, não se revê neste modelo associativo. Aliás, muitos dos jovens colegas com quem falo afirmam até que devia acabar”

A estrutura da OA está completamente arcaica e desajustada à realidade e numa altura em que se assiste a um ataque sem precedentes ao exercício da advocacia, a prática isolada é uma presa fácil de outros players – não sujeitos às regras do exercício profissional" 

Nenhum advogado em prática individual se deve deixar enganar. A Ordem está lá para acabar com os  advogados em prática individual e promover o crescimento das grandes sociedades. Mais de 20% dos advogados em prática individual já não conseguem sequer pagar as contribuições para a segurança social (cf. aqui

É preciso não esquecer que à frente do Conselho Superior - uma espécie de presidente do Supremo Tribunal de Justiça da Ordem dos Advogados - está um advogado posto lá pela Cuatrecasas (agora na Abreu) e que, enquanto advogado da Cuatrecasas, chefiou um bando de jagunços que, durante meses, andou a aterrorizar o Arlindo Marques (cf. aqui), e sabe-se lá quantos mais chefiou. E que é conhecido por defender grandes criminosos, portanto, a pessoa certa para defender as grandes sociedades de advogados (cf. aqui).

(Continua acolá)

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