(Continuação daqui)
187. Devia acabar
Eu acho que teria dado um bom advogado. Acho, não, tenho a certeza porque ainda agora meti no bolso, só de uma vez, uma dúzia de advogados (cf. aqui), isto para não falar em juízes e magistrados do Ministério Público. E a dúzia não era de advogados quaisquer. Só da Cuatrecasas eram cinco (cf. aqui), a sociedade de advogados mais inovadora da Europa (cf. aqui).
Mas se eles, no campo do Direito e da Justiça, não conseguem vencer sequer um advogado amador como eu, eles, afinal, inovam em quê?
-No crime.
Uma boa parte da inovação é nas práticas criminosas. Eles abandonaram a área da justiça e enveredaram pela área do crime. Está aí a grande inovação: cometer crimes sob a aparência de que estão a fazer justiça. Negócio mais inovador é difícil de encontrar.
Quando se tratou de Direito e de Justiça, perante um tribunal independente em Estrasburgo como o TEDH, eu dei-lhes uma abada de 7-0 (cf. aqui). Aqui em Portugal, perdi em toda a linha porque não estava em causa o Direito e a Justiça mas uma operação de intimidação, assassínio de carácter, devassa da vida privada e extorsão - em suma, uma operação própria de jagunços, não de agentes da justiça. Neste campo, eu tenho de admitir, como de resto se tornou óbvio, que não consigo batê-los.
Se eu fosse advogado seria advogado em prática individual e estaria nesta altura a travar uma guerra sem quartel contra as grandes sociedades de advogados e contra a própria Ordem dos Advogados. Umas e outra têm hoje um canal de comunicação importante no jornal ECO através do suplemento Advocatus. É curioso que um jornal económico tenha um suplemento dedicado ao mercado da advocacia, talvez porque a "advocacia" das grandes sociedades de advogados se tenha tornado um dos negócios mais prósperos do país.
Mas, de vez em quando, lá vem um artigo, a falar da advocacia liberal. Como a fonte é a Ordem dos Advogados, eu não acredito no título do artigo a que me vou referir: "Advogados em prática individual rondam 85% da classe. Os desafios são muitos" (cf. aqui). Estou muito convencido que o artigo é inspirado na leitura deste blogue, e em que se pretende, por uma vez ou outra, dar voz aos advogados em prática individual e confortá-los.
As opiniões nele expressas não são muito favoráveis em relação à Ordem e a outros players:
“Os advogados estão cada vez mais a afastar-se da OA e das suas estruturas. O sentimento geral é de que a Ordem não serve para nada, não tem prestígio nem força interventiva, e, sobretudo, a geração mais nova de advogados, não se revê neste modelo associativo. Aliás, muitos dos jovens colegas com quem falo afirmam até que devia acabar”
“A estrutura da OA está completamente arcaica e desajustada à realidade e numa altura em que se assiste a um ataque sem precedentes ao exercício da advocacia, a prática isolada é uma presa fácil de outros players – não sujeitos às regras do exercício profissional"
Nenhum advogado em prática individual se deve deixar enganar. A Ordem está lá para acabar com os advogados em prática individual e promover o crescimento das grandes sociedades. Mais de 20% dos advogados em prática individual já não conseguem sequer pagar as contribuições para a segurança social (cf. aqui)
É preciso não esquecer que à frente do Conselho Superior - uma espécie de presidente do Supremo Tribunal de Justiça da Ordem dos Advogados - está um advogado posto lá pela Cuatrecasas (agora na Abreu) e que, enquanto advogado da Cuatrecasas, chefiou um bando de jagunços que, durante meses, andou a aterrorizar o Arlindo Marques (cf. aqui), e sabe-se lá quantos mais chefiou. E que é conhecido por defender grandes criminosos, portanto, a pessoa certa para defender as grandes sociedades de advogados (cf. aqui).
(Continua acolá)
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