(Continuação daqui)
162. A ver coisas
O juiz João Manuel Teixeira, do Tribunal de Matosinhos, diz que viu um crime de ofensa à Cuatrecasas no meu comentário televisivo. Os juízes Pedro Vaz Patto e Francisco Marcolino, do Tribunal da Relação do Porto, dizem que também viram.
Dos juízes que olharam para o caso em Portugal só a juíza Paula Guerreiro do TRP, fazendo prova de uma sobriedade a toda a prova, diz que não viu crime nenhum.
Dos sete juízes do TEDH que, em Estrasburgo, analisaram o caso também nenhum deles viu coisa nenhuma.
Será que os juízes João Manuel Teixeira, Pedro Vaz Patto e Francisco Marcolino andam a ver coisas?
É bem possível.
Um estudo divulgado há cerca de um mês diz que os juízes em Portugal se sentem muito sós e que se refugiam no álcool e na droga (cf. aqui).
É uma situação dramática.
Os juízes andam deprimidos. Os magistrados do Ministério Público nem se fala e, por estes dias, não ousam sequer sair à rua. O povo, esse, há muito que deixou de acreditar na justiça.
Só as grandes sociedades de advogados andam felizes com a justiça. Os negócios da Cuatrecasas, na economia de um país há muito estagnado, aumentam à impressionante taxa de 30% ao ano. Ainda a semana passada, a Cuatrecasas juntou quatro novos sócios ao seu activo (cf. aqui), e hoje, a Abreu, para não lhe ficar atrás, juntou nada menos que oito (cf. aqui).
Nos tribunais, falta tudo, recursos humanos e até o papel. Nas grandes sociedades de advogados, pelo contrário, não falta nada, a começar por novos sócios, contratos milionários, lucros apetitosos, grandiosos edifícios e luxuosos escritórios.
O que é que se passará na justiça, que é tão bom para as grandes sociedades de advogados, mas é mau para os juízes e procuradores, e pior ainda para o povo português?
Será que, à semelhança de alguns juízes, as grandes sociedades de advogados, como a Cuatrecasas, andam metidas na droga, mas segundo outra perspectiva?
(Continua acolá)
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