Não estou surpreendido que o Instituto (objectivista) New Ideal assuma uma defesa radical de Israel. Ayn Rand nasceu no seio de uma família judia de São Petersburgo (1905) e o objectivismo é radical no que toca ao racionalismo.
Israel tem todo o direito de se defender de todas e quaisquer ameaças internas ou externas, quer sejam ou não existenciais. Ponto assente!
O artigo “Hamas and the Tyranny of Need”, do Peter Schwartz, levanta-me, porém, algumas dúvidas.
1. É irracional demonstrar compaixão para com os nossos inimigos?
O Peter Schwartz afirma que sim e eu penso que não. Compaixão não significa perdão, significa que devemos exigir justiça sem cair na barbárie. Durante muitos anos fui favorável à pena capital, para crimes de excepcional gravidade, mas mudei de opinião por influência do Charles Krauthammer, que sublinhou a importância dos imperativos civilizacionais sobre a racionalidade da pena capital.
Cito:
É verdade que a justiça milita pela pena capital. Mas, no geral, parece-me que vale a pena renunciar às satisfações da justiça perfeita – como fez toda a Europa Ocidental – para viver numa sociedade suficientemente civilizada para manter a ordem sem assassinatos judiciais. Krauthammer, Charles. Coisas que importam: três décadas de paixões, passatempos e política (p. 152). Edição Kindle.
2. O governo de Gaza declarou guerra a Israel?
O Peter Schwartz afirma que sim e eu penso que não. Gaza não é um Estado independente e portanto não tem um governo, no sentido em que o entendemos no Ocidente. Acresce que a ONU considera que Gaza está sob ocupação de Israel e esta situação muda perspectivas.
Israel, no dia 7 de Outubro de 2023 não foi vítima de uma declaração de guerra do governo do Hamas. Israel foi vítima de um violento ataque terrorista, a exigir uma resposta pronta e eficaz.
Uma resposta que tem de ser compassiva, embora sem esquecer o seu objectivo principal que é manter a segurança do Estado de Israel.
O objectivismo rejeita o emocionalismo, mas eu creio que podemos ser racionais sem abandonar a compaixão. É isso que nos torna humanos.
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