27 novembro 2023

Um passo de gigante (78)

 (Continuação daqui)

Juiz Francisco Marcolino, candidato pelo PS à Câmara de Bragança em 2005


78. Cúmplice do juiz


Foi, de longe, o post mais popular do ano passado, publicado neste blogue. Tinha o título "uma forma original de enriquecer" e, nele, eu comentava a promoção ao Supremo de um juiz, ligado ao Partido Socialista, e que tem uma vida pública de criminalidade imputada: cf. aqui. 

Este post teve depois seguimento na mais longa série de posts alguma vez publicada neste blogue, sob o título "Um juiz do Supremo" (começa aqui e acaba ali).

Basicamente, ao longo da sua vida, este juiz utilizou o sistema de justiça em proveito próprio, pondo processos-crime e exigindo indemnizações contra adversários políticos, familiares e amigos, sócios, juízes e advogados, jornais e jornalistas, bastonários de ordens profissionais, a madrasta, médicos, psicólogos, funcionários do registo civil, presidentes de câmara, traficantes de droga, a lista é sem fim.

(Este juiz é o autor da célebre ameaça dirigida a uma amiga da madrasta, e doente oncológica, depois de uma perseguição de carro altas horas da noite, e que ficou para sempre gravada nos anais do Supremo Tribunal de Justiça: "Ou dás o dinheiro ou estouro-te os miolos. Eu fodo-te!" (cf. aqui))

Mas são necessários dois para dançar o tango. Para que as queixas do juiz se transformassem em processos-crime era necessária a conivência do Ministério Público porque só o Ministério Público goza do privilégio monopolístico no país de fazer acusações criminais.

Por outras palavras, o Ministério Público foi sempre o cúmplice do juiz na sua actividade serial de corromper a justiça em benefício próprio.

Como é que o juiz retribuiria ao Ministério Público os favores que recebia é outra questão. Podia partilhar com os magistrados que subscreviam as acusações o produto das indemnizações. Ou podia condenar inocentes que andassem por aí nas televisões a criticar o Ministério Público (cf. aqui). Neste caso, é o crime de tráfico de influências, o mesmo que é imputado aos arguidos da Operação Influencer. 

Indícios para imputar o Ministério Público não faltam, mas quem é que tem poder para o investigar? Ninguém vindo de fora. E os criminosos não têm propriamente por hábito investigar-se a si próprios.

Escusado será dizer que o PS, que agora se vitimiza por causa do sistema de justiça e que proclamava aos quatro ventos, "À justiça o que é da justiça e à política o que é da política", é o mesmo que apoiou a candidatura deste juiz à Câmara de Bragança (cf. aqui).


(Continua acolá)

Sem comentários: