04 janeiro 2023

Um juiz do Supremo (191)

(Continuação daqui)



191. Cinquenta

Sobre o juiz Marcolino, disse o traficante Jaime L. Rodrigues, entre outras coisas nada abonatórias, que o juiz "estava metido em tudo o que desse dinheiro" (cf. aqui). E, na verdade, a vida pública do juiz Marcolino aponta toda nesse sentido, a de utilizar as suas altas funções de juiz de um país democrático para enriquecer em proveito próprio.

São célebres os processos por ofensas à sua honra com pedidos de indemnização, às vezes milionários, que ele põe a quem lhe aparece pela frente (cf. aqui), embora a mais emblemática manifestação da avidez do juiz Marcolino por dinheiro tenha sido uma célebre ameaça que ele fez a uma amiga da madrasta que ele imaginava transportar dinheiro alegadamente pertencente ao seu falecido pai.

Depois de uma perseguição em automóvel, altas horas da noite, aos comandos de uma quadrilha de quatro meliantes, incluindo um irmão, o juiz acabou por sequestrar a amiga da madrasta à porta de casa, impedindo-a de entrar na garagem. E foi então que puxando da sua Beretta de 6,35 mm que ele traz permanentemente no coldre à cintura proferiu a histórica ameaça, para sempre gravada nos anais do Supremo Tribunal de Justiça: "Ou dás o dinheiro ou estouro-te os miolos. Eu fodo-te!". (cf. aqui).

É claro que não havia dinheiro nenhum, era tudo o produto da mente alucinada do juiz Marcolino, que é dado a maleitas do foro psiquiátrico (cf. aqui). Porém, esta relação entre o dinheiro e o verbo foder é que não era inteiramente original do juiz Marcolino.

Há uns anos, num período de crise económica, como economista, eu fiquei muito impressionado com a explicação que uma mulher do povo, entrevistada para  a televisão, dava sobre o desgoverno existente em muitas casas portuguesas. Segundo ela, a culpa era das mulheres e tudo se resumia numa frase: "Os homes ganhe dez, as mulheres fode binte" (cf. aqui, min. 0:07).

No caso do juiz Marcolino e da sua passagem pelo Supremo Tribunal de Justiça a desproporção é muito maior.  Ele tomou posse como juiz conselheiro do STJ em 7 de Setembro (cf. aqui), a posição mais alta da hierarquia judicial, que dá direito a um vencimento de cerca de oito mil euros por mês. Segundo ele próprio no discurso de tomada de posse, a promoção tinha efeitos retroactivos a Junho de 2019, embora não se saiba porquê (cf. aqui). Ele reformou-se agora em Dezembro (cf. aqui). 

Na prática, o juiz Marcolino trabalhou três meses como juiz conselheiro do STJ, de meados de Setembro a meados de Dezembro de 2022, quando se iniciaram as férias judiciais do Natal. Trabalhou três meses como juiz conselheiro do STJ, e quantos recebeu?

Pois, "é só fazer as contas", como dizia o Engenheiro Guterres há uns anos atrás,  subsídios de férias e de Natal incluídos:

2019 - 8

2020 - 14

2021 - 14

2022 - 14

Total - 50.

O desgoverno é muito pior do que nas casas portuguesas, onde "os homes ganhe dez e as mulheres fode binte". No Supremo Tribunal de Justiça "o juiz trabalha três meses e f_ _ _ cinquenta aos contribuintes".


(Continua acolá)

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