09 agosto 2023

O assalto (13)

 (Continuação daqui)


13. Corruptos de ocasião




Esta semana, Patrick Drahi, o fundador da Altice com Armando Pereira, falou sobre a Operação Picoas a investidores internacionais, a partir de França.

Disse-se surpreendido e chocado com a Operação Picoas tanto mais que muitas das empresas suspeitas pelo Ministério Público português de estarem envolvidas num esquema de corrupção para lesar a Altice-Portugal são também fornecedoras da Altice em outros países, nos quais nenhumas suspeições do género foram levantadas.

Mas disse duas coisas mais importantes ainda.

Primeira, Patrick Drahi confirmou que Armando Pereira é dono de "cerca de 20%"  da Altice-Internacional (que detém a Altice-Portugal) através de uma empresa pessoal sua (cf. aqui).

Fica, portanto, confirmado também aquele que parece ser o grande blunder desta "investigação" criminal, a saber, que Armando Pereira, andando a roubar a Altice-Portugal e sendo ao mesmo tempo seu dono, é um ladrão muito sui generis e que só o MP português, que tem os melhores magistrados do mundo (cf. aqui),  poderia algum dia descobrir: "É um ladrão que se rouba si próprio" (cf. aqui).

Segunda, das 100 empresas que o MP português suspeita que tenham participado no esquema de corrupção para lesar a Altice-Portugal , somente dez têm presentemente negócios com a Altice-Internacional (que inclui a Altice-Portugal):

“No relatório da polícia que recebemos, havia cerca de 100 empresas, em todo o tipo de jurisdições, a maioria a trabalhar a partir de Portugal. Imediatamente depois de recebermos este relatório, a 13 de Julho, avançámos com investigações nas nossas subsidiárias em todo o mundo, com advogados e contabilistas. Enviámos a lista de 100 empresas, a maioria das quais desconhecíamos, para o nosso departamento de verificação, para saber se mantínhamos negócio com elas. Destas 100 empresas, só cerca de dez estavam a fazer negócios connosco”. (cf. aqui)

Normalmente, a corrupção cria relações duradouras, precisamente porque corresponde a dinheiro ganho sem esforço - aquilo que os portugueses chamam "maminha".

Mas neste caso, não. Neste caso é corrupção "toca-e-foge".

No caso da Operação Picoas, a esmagadora maioria (90%) dos corruptos são corruptos de ocasião.

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