09 agosto 2023

GESTORES DE PÉ DESCALÇO/ 3

GESTORES DE PÉ DESCALÇO/ 3

 

Penso que a profissão mais falsificada, em todo o mundo, é a gestão. Pessoas sem quaisquer qualificações profissionais assumem cargos de gestão e intitulam-se gestores, cometendo uma fraude que eu vou designar por “apropriação profissional”.




 Isto acontece porque para gerir não há quaisquer requisitos de habilitações académicas. Ainda menos do que para exercer a Presidência da República, cargo para o qual basta saber ler e escrever.


Sentados na cadeira do poder, estes “gestores de pé descalço”, apropriam-se do título de GESTORES e toca de falsificar o cargo pretendendo ser o que não são.

 

Devo dizer que não sou favorável à exigência de títulos académicos para capitanear uma organização. O que eu penso é que, nessa função, é necessário distinguir quem é o quê.

 

Há o patrão, que costuma ser o dono da empresa e que governa os seus negócios como bem entende e que, as mais das vezes, não tem formação para o cargo, mas que conhece bem a sua atividade e tem uma rede de contactos que lhe permite obter lucros e prosperar.

 

Há o administrador, que pode não ser o patrão, que executa os mandatos que o conselho de administração lhe confia. Normalmente os administradores estão mais focados no curto prazo do que os gestores e têm pouca responsabilidade na inovação. Os administradores focam-se nos processos e na organização.

 

Por fim há os verdadeiros gestores, que podem ostentar os seus MBA’s ou apenas um saber de experiências feito porque subiram a pulso nas suas organizações e aprenderam muito mais do que as universidades ensinam.

 

Os gestores de pé descalço não se enquadram em nenhuma destas categorias, foram catapultados para as suas posições por compadrio, com partidos políticos, organizações clandestinas ou ligações familiares e “botaram” logo o crachá de GESTOR.

 

Na minha opinião, estes gestores de pé descalço inundam o nosso País e são uma das principais causas do nosso entrave ao desenvolvimento.

 

Como qualquer falso médico ou charlatão, o gestor de pé descalço é inseguro, hesitante, avesso ao risco ou aventureiro e o pior é que não sabe liderar nem gerir os recursos humanos. Às vezes age como patrão, outras como administrador, mas sempre muito aquém das necessidades.

 

Não sei se Jesus, na sua curta passagem pela Terra, nos avisou de que ‹‹Gestores de pé descalço sempre os tereis entre vós››, mas de uma coisa estou certo: enquanto não nos livrarmos do capitalismo clientelista (crony capitalismo), estes charlatães sem escrúpulos continuarão por aí à procura de úberes. 

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