16 novembro 2019

THE BLUE BAG (VI)

(Continuação daqui)


Capítulo 37. Foi com a precisão de uma relógio suíço, e as indicações dadas pela juiz Cathy Littleriver, a partir de Matosinhos, que o helicóptero pilotado por Ramon Lopez chegou à clareira da selva do Paraguai onde se encontravam Peter Throw e o burro Castro. Quando Branca saiu do helicóptero, Castro ficou de olhos esbugalhados. Enquanto o presidente e Magellan abraçavam Throw, Castro e Branca, discretamente e aos beijinhos, desapareceram floresta dentro (cf. aqui).

Capítulo 38. As imagens do Porto Canal com a notícia de que a missão portuguesa, tendo à frente o presidente, conseguira localizar Peter Throw nas profundezas da selva do Paraguai correram imediatamente mundo e foram passadas em todas as televisões, incluindo a CNN e a Fox. Os americanos não acreditavam que os portugueses tivessem capturado Peter Throw em dez meses quando eles próprios tinham demorado dez anos a capturar bin Laden. Não se sabe se por temor se por despeito, o Presidente Trump mandou levantar um esquadrão de aviões de uma base em Virgínia para fazer apagar para sempre esta vergonha da história dos EUA (cf. aqui).

Capítulo 39. Às duas da manhã do dia seguinte, a juiz Cathy Littleriver De Almeida foi acordada por um telefonema do magistrado Meadow em Buenos Aires a informá-la que os americanos estavam a caminho para bombardear o local onde tinha sido descoberto Peter Throw. A juiz Cathy deu instruções para a descolagem, mas havia dois problemas. O principal é que Castro e Branca ainda não tinham regressado da floresta. Meadow insistia para que o helicóptero descolasse só com o presidente e Magellan a bordo deixando para trás Peter Throw e os burros expostos aos bombardeamentos dos americanos, mas a juiz recusava, sem que Meadow pudesse compreender porquê. A situação acabaria por se resolver in extremis poupando a vida de todos (cf. aqui).

Capítulo 40. Como parte das condições impostas por Peter Throw à prima para aceitar tornar o presidente De Susa o herói da investigação criminal internacional, e o Ministério Público português por arrasto, figurava a de que o destino seguinte seria Cancun, onde uma ardente namorada mexicana o esperava. Aconteceu, porém, que o helicóptero não tinha combustível para chegar a Cancun. Foi nessa altura que, sob uma enorme pressão, a juiz Cathy Littleriver  se socorreu de um seu velho conhecido da região de Aveiro, um amigo de infância que era agora um famoso criminoso - o Sucateiro de Ovar. Este homem, que tinha sido condenado pelos tribunais portugueses a dezoito anos de cadeia, estava agora de férias no Rio de Janeiro enquanto aguardava os recursos. Foi a ele que a juiz recorreu para uma aterragem de emergência e reabastecimento do helicóptero (cf. aqui).

Capítulo 41. As últimas duas horas tinham sido de grande tensão para a juiz Cathy Littleriver em Matosinhos  até ao momento em que o piloto Lopez reportou que tinha acabado de aterrar em segurança no quintal do Sucateiro de Ovar no Rio de Janeiro. A juiz ainda não tinha tido oportunidade de descontrair e já recebia um telefonema indignado de Tony Meadow em Buenos Aires. Ele não compreendia por que é que a juiz não deixara Peter Throw na selva do Paraguai exposto às bombas dos americanos. A discussão tornou-se violenta. A juiz argumentava que não encontrava qualquer crime em Peter Throw. Até que o magistrado Meadow explodiu. Claro que havia crime em Throw e era um crime infame. Ele tinha posto fim ao saco azul do Hospital de São João (cf. aqui)

Capítulo 42. O resto da conversa foi praticamente um monólogo irado do magistrado Meadow para fazer ver à juiz a gravidade do crime cometido por Peter Throw. Se o exemplo pegava, como é que poderiam viver as instituições públicas do país, o Tribunal de Matosinhos, o próprio Ministério Público? Não podiam. Onde é que se iria arranjar o dinheiro para traficar as influências que permitiam aos magistrados do MP ganhar mais que o próprio primeiro-ministro? Além disso, a ideia do Joãozinho era uma ideia genial, a de utilizar como pretexto crianças doentes para encher o saco, já que para o esvaziar qualquer ideia vulgar servia. Peter Throw merecia a pena de morte! (cf. aqui).

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