Numa altura em que todos batem (e, em certo sentido, bem) no candidato Cavaco Silva, a propósito da trapalhada relativamente às acções da SLN, gostava, no entanto, de salientar que Cavaco Silva tem razão quando critica a gestão da nacionalização do BPN, comparando com o exemplo dos bancos que em Inglaterra também tiveram de ser nacionalizados.
A razão é simples: o problema que deu origem aos buracos, tanto no BPN como naqueles bancos ingleses, é o mesmo: créditos incobráveis. Podemos, evidentemente, discutir a sua incobrabilidade, se tiveram origem criminosa ou não. Contudo, não podemos discutir o facto de que todos esses bancos têm créditos que não conseguem cobrar.
Assim sendo, a forma de avaliar o sucesso das diferentes estratégias possíveis é olhar para os seus resultados. No Reino Unido, as autoridades optaram por vender os activos bons dos bancos em dificuldades, absorvendo de uma só vez e num só momento todos os activos tóxicos. Foi, desse modo, que, por exemplo, o Santander comprou a rede de balcões e a carteira de depósitos de um pequeno banco local. E foi esta solução que, eu próprio, defendi aqui no Portugal Contemporâneo na altura da nacionalização do BPN, sobretudo tendo em conta que o único motivo que, na altura, justificava uma intervenção naquele banco era a existência de uma rede de balcões e o respectivo impacto público que uma falência poderia ter numa corrida à banca em geral.
Infelizmente, em Portugal, aquela mesma estratégia não foi seguida. Pelo contrário, optou-se pela absorção total do banco pela CGD, sendo que, a acreditar em alguns relatos que oficial e oficiosamente nos chegam, os activos bons do BPN têm sido gradualmente canibalizados pelo banco do Estado, de forma muito pouco transparente. Deste modo, a única forma de avaliar o sucesso da estratégia adoptada pelo executivo de José Sócrates é comparar os capitais próprios do BPN na altura da nacionalização (um défice de 1,6 mil milhões de euros) com a leitura presente, que deverá indicar uma deterioração significativa no espaço destes 2 intermináveis anos. Em suma, Cavaco tem razão. Mas agora de nada vale. O estrago já está produzido: no BPN e no bolso dos contribuintes.
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