Para melhor se compreender o que aqui tenho vindo a explicar sobre as relações de Salazar e do Estado Novo com a Igreja Católica, o entendimento que ele tinha do poder político e da posição meramente instrumental e decorativa da hierarquia católica no regime, vale a pena ler este artigo de José Manuel Fernandes, no Público, sobre um livro de Irene Pimentel em torno da figura do Cardeal Cerejeira. O artigo é bem elucidativo das difíceis relações entre a Igreja e o regime, e explica bem a pouca, ou nenhuma, influência que teve sobre Salazar.
Destaco duas passagens do artigo, embora recomende a sua leitura integral:
«Irene Pimentel situa o momento de viragem nas relações entre Cerejeira e Salazar em 1932, depois de este ter chegado a presidente do Conselho após muitos anos a trabalhar, como ministro das Finanças, à ordem de sucessivos chefes de Governo oriundos do republicanismo conservador. No momento da consagração de Salazar o velho amigo de Coimbra quis lembrar que ele "era o enviado de Deus" e que chegara onde chegara "graças ao apoio da Igreja Católica". O professor de Santa Comba reagiu de forma seca, afirmando que estava onde estava "por nomeação do Presidente da República".»
«Na verdade Salazar - que Irene Pimentel suspeita ter-se afastado do catolicismo no final da vida, tal como terá sucedido com Marcello Caetano - nunca subordina a sua agenda política aos desejos de Cerejeira. Talvez o exemplo mais eloquente da falta de colaboração do Estado Novo num projecto que o Cardeal Patriarca alimentava desde sempre tenha sido a demora na criação da Universidade Católica. O bispo de Lisboa formulou esse desejo ainda nos anos 20, nunca deixou de se bater pela concretização desse sonho desde que ascendeu a Cardeal, mas só o veria concretizado no ocaso da vida, no final dos anos 60.»
Destaco duas passagens do artigo, embora recomende a sua leitura integral:
«Irene Pimentel situa o momento de viragem nas relações entre Cerejeira e Salazar em 1932, depois de este ter chegado a presidente do Conselho após muitos anos a trabalhar, como ministro das Finanças, à ordem de sucessivos chefes de Governo oriundos do republicanismo conservador. No momento da consagração de Salazar o velho amigo de Coimbra quis lembrar que ele "era o enviado de Deus" e que chegara onde chegara "graças ao apoio da Igreja Católica". O professor de Santa Comba reagiu de forma seca, afirmando que estava onde estava "por nomeação do Presidente da República".»
«Na verdade Salazar - que Irene Pimentel suspeita ter-se afastado do catolicismo no final da vida, tal como terá sucedido com Marcello Caetano - nunca subordina a sua agenda política aos desejos de Cerejeira. Talvez o exemplo mais eloquente da falta de colaboração do Estado Novo num projecto que o Cardeal Patriarca alimentava desde sempre tenha sido a demora na criação da Universidade Católica. O bispo de Lisboa formulou esse desejo ainda nos anos 20, nunca deixou de se bater pela concretização desse sonho desde que ascendeu a Cardeal, mas só o veria concretizado no ocaso da vida, no final dos anos 60.»
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