burocracia

Não existe nenhuma cultura ou civilização humana que dispense a ideia de Deus. Nem nunca existiu. A ideia de Deus parece ser a única ideia indispensável à formação de comunidades humanas. Por isso, os padrões de comportamento e de racionalidade das pessoas são a consequência directa da maneira como na sua cultura as pessoas se relacionam com Deus.

Na cultura protestante existe uma relação directa entre o homem e Deus e o caminho é a fé. Pelo contrário, na cultura católica interpõe-se um corpo profissionalizado de agentes que intermedeia a relação entre o homem e Deus e que, num post anterior, designei por agentes da fé. Nesta cultura não basta um homem ter fé em Deus. A fé cede o lugar, em importância, ao cumprimento de certos procedimentos burocráticos - os sacramentos - e à sua certificação humana como prerequisito para chegar a Deus.

Entre o homem e a sua finalidade o caminho é livre na cultura protestante. Pelo contrário, na cultura católica a regra é interpôr entre o homem e a sua finalidade um corpo profissionalizado de especialistas encarregados de avaliar se a finalidade é verdadeira e se todos os procedimentos estão cumpridos para que o homem possa chegar a ela. Está aqui a origem da propensão para a burocracia e para a burocratização da vida que é típica dos países de tradição católica, em comparação com os países de tradição protestante.