07 março 2009

não acredita


O meu propósito neste post é o de dar mais um passo na análise do julgamento kantiano. Já me referi anteriormente a este tema, por exemplo, aqui e aqui. Gostaria agora de me concentrar noutro aspecto, que é o papel que Kant ele próprio se reserva no julgamento.

Em confronto estão duas teses. A tese cartesiana (católica) de que a verdade está na razão iluminada por Deus, e a sua antítese, a tese humeana (ateia) de que a verdade está na natureza, iluminada pelos sentidos.

E o que é que Kant começa por fazer, antes de produzir a sentença acerca de onde está a verdade? Começa por fazer uma crítica da tese cartesiana - é esse o sentido da sua obra "A Crítica da Razão Pura" -, seguida de uma crítica à tese humeana - é esse o sentido da sua obra "A Crítica da Razão Prática".

Na tradição católica, existe uma figura que retrata o papel que Kant desempenha neste julgamento. É a figura do advogado do diabo. Portanto, a sentença deste julgamento vai ser produzida por um homem que, em primeiro lugar, é um advogado do diabo. E o que é que caracteriza a figura do advogado do diabo? A de ele produzir afirmações (sentenças) em que não acredita.

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