19 março 2009

Extraterrestrolandeses.


João Miranda,

Eu não caracterizo os portugueses a partir dessa aldeia que você define porque essa aldeia não existe nem em Portugal nem em nenhuma parte do mundo. Os habitantes dessa aldeia não seriam portugueses. Seriam extra-terrestres.

É claro que o mais divertido comentário ao seu post veio do nosso comentador-residente Rui Silva, Eng., IST., (aqui) que atesta em seu favor que o seu argumento parte de factos comprovados. Comprovadíssimos, diria eu. Na realidade não há nada mais comprovado neste mundo do que essa aldeia de menos de 150 habitantes onde todos são analfabetos, só existem bem perecíveis, como os tomates e as cebolas, as mulheres estão quase sempre grávidas, não existem desigualdades, onde se pratica a exogamia masculina e ainda por cima com a população em equilíbrio malthusiano. Chama-se Extraterrestrolândia e os seus habitantes são extraterrestrolandeses, não portugueses.
.
Comentário:
Eu andei aqui meses, talvez anos, a olhar para dentro da panela que é Portugal, e a perguntar-me o que é que caracteriza esta malta que está lá dentro, o que é que os une e identifica. Lentamente, passo a passo, fui obtendo algumas respostas. Aquilo que os une e identifica são certas ideias comuns (cultura). Continuei a olhar para dentro da panela e agora a perguntar-me: "Que ideias, onde é e que eles as foram buscar?". Passado muito tempo: "Hum ... cheira-me a catolicismo...". E agora, nova pergunta, sempre com a cabeça metida na panela: "E o que é que caracteriza o catolicismo?" Muito tempo depois a resposta: "A verdade. Esta malta gosta é da verdade. Pelo caminho são uns trolhas quando se trata de produzir julgamento". A partir daí, por dedução lógica fiquei em condições de descrever o que estava dentro da panela e fazer previsões sobre os portugueses.
.
Depois deste trabalho todo, um dia o JM acorda de manhã e diz-me assim: "PA, não perca tempo com isso. Eu tenho aqui os ingredientes para você pôr na panela, são tipos que vivem em aldeias de 150 habitantes, todos analfabetos, lá na aldeia só existem bens perecíveis, as mulheres estão quase sempre grávidas, não existem desigualdades, etc. Ponha isto tudo na panela e deixe ferver". E eu assim faço. Passado duas horas o cozinhado está pronto. Chego junto do JM e pergunto: "Pronto aqui está JM, já cozinhei esta malta. Como é que chamo a esta gajada?". Responde-me o JM: "Olhe, chame-lhes portugueses". Assunto resolvido.

Sem comentários: