Eu gostaria neste post de voltar ao tema das elites, que iniciei aqui caracterizando o homem de elite da tradição católica. Pretendo agora caracterizar o homem de elite da tradição protestante, mas serei mais vagaroso. Para já interessa-me apenas reproduzir a parte final do diálogo e as perguntas que constam dele (aborto, homossexualidade, eutanásia), imaginando uma conversa entre um homem protestante (John) e outro (RC) que lhe responde acerca do que é o homem de elite da tradição protestante.
Esta tarefa, mesmo reduzida às proporções da parte final do diálogo, impõe-me várias dificuldades. A primeira é que deveria escrevê-la em inglês - a língua protestante por excelência - porque só ela contém as palavras precisas para traduzir o sentido do diálogo de forma exacta. Segundo, deveria abandonar o discurso directo, que constitui a forma de expressão por excelência da cultura católica, e substituí-lo pelo discurso indirecto, e abstracto, que é a forma preferencial de expressão da cultura protestante. Decidindo, porém, continuar a escrever em português e em discurso directo, algumas precisões prévias são devidas.
Como indiquei noutro post, justiça na cultura católica significa sobretudo retribuição, e traduz-se em penalizar aqueles que faltam à verdade da vida. Na cultura protestante, justiça não é nada disto. Nesta cultura, justiça é equidade (fairness; imparcialidade) e é justo todo o veredicto em relação ao qual ninguém se possa queixar de ter sido tratado injustamente (unfairly). Em inglês: "it is fair a verdict about which there are no claims of justice". Ainda duas notas adicionais. A primeira para relembrar que, enquanto o filtro da cultura católica é a verdade, o filtro da cultura protestante é a justiça. A segunda para dizer que, enquanto o homem de elite da tradição católica é o homem que tempera a verdade com o julgamento, o homem de elite da tradição protestante é o homem que tempera a justiça com a sabedoria (voltarei a este tema mais tarde).
Posto isto, passo ao diálogo, onde decidi inverter a ordem das questões, sugerindo ao leitor que compare as respostas com as que são dadas neste post pelo homem de tradição católica.
John: Pode um homem de elite ser favorável à eutanásia?
RC: Pode. Vê alguém a queixar-se se eu, em situação terminal, pedir a um médico que me ajude a morrer e ele aceitar?
John: E pode um homem de elite ser homossexual?
RC: Claro que pode. Vê alguém a queixar-se? Nem ele próprio se queixa.
John: E pode um homem de elite ser a favor do aborto?
RC: Obviamente que pode. Vê alguém a queixar-se? O feto não está cá para se queixar e a sua mãe, que é a única pessoa que o pode representar, não só não se queixa, como é ela própria que deseja fazer o aborto.
Esta tarefa, mesmo reduzida às proporções da parte final do diálogo, impõe-me várias dificuldades. A primeira é que deveria escrevê-la em inglês - a língua protestante por excelência - porque só ela contém as palavras precisas para traduzir o sentido do diálogo de forma exacta. Segundo, deveria abandonar o discurso directo, que constitui a forma de expressão por excelência da cultura católica, e substituí-lo pelo discurso indirecto, e abstracto, que é a forma preferencial de expressão da cultura protestante. Decidindo, porém, continuar a escrever em português e em discurso directo, algumas precisões prévias são devidas.
Como indiquei noutro post, justiça na cultura católica significa sobretudo retribuição, e traduz-se em penalizar aqueles que faltam à verdade da vida. Na cultura protestante, justiça não é nada disto. Nesta cultura, justiça é equidade (fairness; imparcialidade) e é justo todo o veredicto em relação ao qual ninguém se possa queixar de ter sido tratado injustamente (unfairly). Em inglês: "it is fair a verdict about which there are no claims of justice". Ainda duas notas adicionais. A primeira para relembrar que, enquanto o filtro da cultura católica é a verdade, o filtro da cultura protestante é a justiça. A segunda para dizer que, enquanto o homem de elite da tradição católica é o homem que tempera a verdade com o julgamento, o homem de elite da tradição protestante é o homem que tempera a justiça com a sabedoria (voltarei a este tema mais tarde).
Posto isto, passo ao diálogo, onde decidi inverter a ordem das questões, sugerindo ao leitor que compare as respostas com as que são dadas neste post pelo homem de tradição católica.
John: Pode um homem de elite ser favorável à eutanásia?
RC: Pode. Vê alguém a queixar-se se eu, em situação terminal, pedir a um médico que me ajude a morrer e ele aceitar?
John: E pode um homem de elite ser homossexual?
RC: Claro que pode. Vê alguém a queixar-se? Nem ele próprio se queixa.
John: E pode um homem de elite ser a favor do aborto?
RC: Obviamente que pode. Vê alguém a queixar-se? O feto não está cá para se queixar e a sua mãe, que é a única pessoa que o pode representar, não só não se queixa, como é ela própria que deseja fazer o aborto.
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