17 fevereiro 2009

o exemplo acabado


No post anterior, ao elaborar as duas únicas formas puras de organização social (ou teorias políticas) da civilização cristã, eu tinha um propósito no espírito, que era o de responder à questão seguinte: quais são os comportamentos ou instituições que destroem uma sociedade, ou contribuem para a sua destruição? A resposta é diferente consoante se trate de uma sociedade C ou P. Tomando como referência as matrizes elaboradas no post anterior, passo a exemplificar:

1) Esta forma de ateísmo (veja último parágrafo deste post) numa sociedade P é ineficaz porque é uma forma de ateísmo vulgar, e o seu autor um ateu de segunda categoria. Um ateu de primeira categoria numa sociedade P ataca a religião - o Cristianismo -, não Deus.

2) As formas de ateísmo expressas pelos escritores portugueses da geração de 70 - Antero, Ramalho, Eça, etc. -, atacando predominantemente a religião católica, mas não Deus (ou a Virgem ou Cristo ou os Santos) são ineficazes numa sociedade C, e os seus autores devem também ser considerados intelectuais ateus de segunda escolha.

3) A princesa Diana, a Princesa do Povo, é uma figura destrutiva numa sociedade P - o exemplo acabado da elite que quer ser povo. Fugia-lhe o pé pró chinelo.
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4) Este governo (veja foto, desconsidere o resto) constituído por homens e mulheres representativos do povo pode governar bem uma sociedade P. Nunca governará bem uma sociedade C.
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5) O holocausto dos judeus só podia acompanhar o colapso de uma sociedade P - o desmoronamento acompanhado de esmagamento de uma parte da população, tipo twin towers -, nunca o de uma sociedade C, que cai pela anarquia.
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6) O meu post anterior tem mais probabilidades de ser apreciado numa sociedade P do que numa sociedade C. A razão é que, em vista do seu grau de abstracção, numa sociedade C poucos o compreendem.
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7) A Inglaterra, a Escócia, a Dinamarca, a Finlândia, a Suécia, a Islândia, a Noruega ... são Estados confessionais. A associação entre o Estado e Religião é mais importante numa sociedade P, que assenta na ideia de religião, do que numa sociedade C, que assenta na ideia de Deus.
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8) Na blogosfera da sociedade C há mais comentários pessoalizados e destrutivos para os autores de posts do que na blogosfera da sociedade P. A razão é que a sociedade C toma Deus como ideal e, em comparação com Ele, todo o homem parece mal. Os comentadores fazem-lhe essa justiça. (Veja este blogue como exemplo).
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9) A democracia e o mercado, duas instituições fundadas em processos impessoais, funcionam melhor numa sociedade P do que numa sociedade C. A razão é que a sociedade C, assente na pessoalidade, não tem compreensão pelos processos impessoais.
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10) A patroa é uma figura típica da sociedade C. Na sociedade P ninguém reconhece tanta importância a uma pessoa.
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11) Na sociedade C a função da elite é unificar, por isso, nesta sociedade, a elite tende a ser intolerante. Na sociedade P, pelo contrário, a função da elite é a de fornecer a base da diversidade. Por isso, nesta sociedade, a elite tende a ser liberal.
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12) A sociedade C que ambicione converter-se em sociedade P vai acabar na anarquia. Pelo contrário, a sociedade P que ambicione converter-se em sociedade C vai acabar na violência.
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13) Na sociedade C a elite brota do povo mas distingue-se dele. Na sociedade P é o povo que brota da elite, sem nunca a conseguir igualar.
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14) O pluralismo da opinião pública destrói uma sociedade C, que vive na unidade. A unicidade da opinião pública destrói uma sociedade P, que vive na pluralidade.

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