05 novembro 2007

um tiranete misógino


Os ateus e os agnósticos vão deixar de estar na moda e vêm aí tempos difíceis para eles - é uma das conclusões que eu retiro da leitura do artigo do The Economist mencionado em baixo. É claro que o 11 de Setembro foi o acontecimento que veio pôr a religião no centro do debate público outra vez. No Ocidente, não foram poucos aqueles que se questionaram sobre as razões de tão brutal acontecimento.

A resposta mais corrente, mas, na minha opinião, imperfeita, baseou-se na agressividade da religião muçulmana e num certo militantismo que lhe seria peculiar, exprimindo o seu ressentimento em relação aos valores da nossa civilização, como os da liberdade, da tolerância, da democracia e da regra da lei. Eu próprio comecei por ter esta interpretação. Hoje penso de maneira diferente.

Apesar de alguns desencontros históricos, as religiões cristã e muçulmana acabaram por saber conviver sob condições de respeito e tolerância mútua. Aquilo que os muçulmanos ressentem não são os valores cristãos que eles, em parte, partilham e já conhecem há muitos séculos. Aquilo que eles ressentem é a nossa falta de valores e, em particular, o secularismo militante, o desaparecimento da sociedade da ideia que é a fonte de todos os valores - a ideia de Deus. Mesmo para aqueles que vivem entre nós como imigrantes, a ausência de um Deus é uma ameaça e uma insegurança. Numa sociedade que, aparentemente abdicou da ideia de Deus, como podem eles esperar justiça, liberdade, humanidade? Não podem, e eu julgo que eles têm razão.
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No seu mais recente livro, A Desilusão de Deus, Richard Dawkins começa assim o segundo capítulo: "O Deus do Antigo Testamento é possivelmente a personagem mais desagradável de toda a ficção [religiosa]: ciumento e orgulhoso de o ser; um mesquinho, injusto e implacável fanático do controlo; responsável vingativo e sanguinário por actos de limpeza étnica; um tiranete misógino, homofóbico, racista, infanticida, genocida, filicida, pestilento, megalomaníaco, sadomasoquista e caprichosamente malévolo".

É este fanatismo ateísta que é a fonte de todas as nossas dificuldades presentes.

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