19 fevereiro 2009

é impossível


De todos os intelectuais portugueses do passado, aquele com quem eu mais gostaria de conversar, se fosse vivo, é Alexandre Herculano.
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Herculano morreu retirado e desiludido. É-lhe atribuída a frase à hora da morte "Isto até dá vontade de morrer...". Morreu desiludido e algo amargurado por não ver a mínima probabilidade de as ideias liberais que ele tanto apreciava vencerem algum dia em Portugal. Ele nunca compreendeu a verdadeira razão, e daí a sua amargura. Mas esteve lá perto. Intuiu a razão quando escreveu que o livro que se devia utilizar no ensimo básico em Portugal para ensinar as crianças era o Evangelho.
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Na realidade, como argumentei no meu post anterior, o liberalismo, no sentido anglo-saxónico que era o que Herculano defendia, só é possível num país em que as crianças são educadas segundo os princípios do Evangelho, não segundo os ensinamentos orais e o Catecismo da Igreja Católica. A educação católica produz um outro tipo de sociedade, também com o seu liberalismo, mas na esfera privada - não na pública. E eu não estou nada certo que o liberalismo católico seja pior que o evangélico.
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Passados 150 anos sobre a sua recomendação, ninguém lhe ligou, mostrando à evidência que aquilo que Herculano ambicionava para o seu país é impossível.
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É isto que eu teria para lhe dizer. Talvez lhe aliviasse a amargura porque quem compreende não vive, nem morre, amargurado.

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