23 janeiro 2009

Culpa do médico



Na situação apresentada pelo Joaquim:

Nos EUA, o médico informa o doente que tem seis meses de vida. O doente e a família agradecem ao médico todos os seus esforços. A família e os amigos vão procurar tornar esses últimos seis meses de vida os melhores possíveis para o doente. Junta-se a família e os amigos, fazem-lhe homenagens, levam-no a almoçar ou almoçam com ele, fazem-lhe a comida que ele gosta, passeiam com ele, oferecem-lhe as coisas de que ele mais gosta, põem-lhe a música que ele gosta de ouvir, procuram tornar-lhe a vida tão agradável e feliz que, se calhar, ele até vai viver dez meses, em lugar dos seis prognosticados pelo médico.

Em Portugal, se o médico fizer o mesmo, as consequências são totalmente diferentes. Primeiro, a família revolta-se contra o médico. E com razão. É que, a partir desse momento, em redor do doente gera-se um ambiente insuportável. A família e os amigos põem o ar mais fúnebre deste mundo, submetem-no à dieta mais estrita na ânsia de o salvar, a futura viúva começa a comprar os vestidos pretos, e os amigos as gravatas para o funeral. O ambiente em torno do doente é tão deprimente, que o homem ainda acaba por morrer mais cedo. Culpa do médico, que não devia ter dito a verdade.

Sem comentários: