Nos últimos dias, à custa desta conversa, confesso que, perdi um bocadinho a compostura. Já me deu vontade de rir. E também já me irritei. No entanto, no balanço, tem sido um excelente momento de reflexão acerca do nosso país. Acerca das nossas gentes. Este post não pretende ser rebarbativo. Nem se destina a limpar a honra de ninguém. O objectivo é evidenciar por que é que, no nosso país, talvez até na nossa cultura, o debate intelectual não produz resultados significativos. Um fenómeno que na blogosfera se revela ainda mais decepcionante na medida em que, estou eu convencido, o nível médio que aqui se encontra é superior àquele que se respira na rua.
Ontem, à noite, em diálogo com o anti-comuna percebi finalmente a origem do meu erro capital: a ética blogosférica não permite a transcrição de opiniões a partir das caixas de comentários. Nomeadamente, da proposta de avaliação dos professores, elaborada pela Zazie em resposta ao desafio que tinha lançado genericamente aos leitores do PC. E, em particular, do seu controverso ponto 2 que lia assim: "Nunca se poderia juntar qualquer avaliação à progressão na carreira".
De resto, mais tarde, a proponente, que sempre se demarcou do modelo preconizado pelo Governo, decidiu acrescentar o seguinte "Ou seja, eu defendo que para a progressão na carreira se deveria juntar o resultado de uma avaliação externa com outras coisas, incluindo formações dos próprios profs de acordo com os conhecimentos que ministram- como aliás, faz qualquer professor que tenha gosto pelo estudo e não abdique do saber em que se formou". Com o respeito que qualquer debate me merece, eu incluí a adenda, contendo este último comentário, no respectivo post. Independentemente do facto deste ponto adicional pouco esclarecer, ou confundir até, o sentido original da proposta. E fiz o mesmo com o José, que até à data, felizmente, ainda não me acusou de nenhuma patifaria ou manipulação.
O ponto que quero demonstrar é a dificuldade que algumas pessoas têm em ser confrontadas com as suas próprias ideias. Não estão habituadas a vê-las expostas em público. Muito menos a assiná-las com o seu nome em baixo. De resto, a melhor forma de evitar qualquer crítica é assim mesmo. Submeter-se ao anonimato e nada propôr, algo significativamente distinto de "nada criticar" ou "nada discutir". Mas "debater", meu caros, não é apenas "criticar" ou "discutir". É muito mais do que isso, como tentei explicar neste post que, infelizmente, não gerou qualquer tipo de reacção dos leitores do PC.
A minha conclusão é a de que o melhor mesmo, como dizem alguns bloggers, é não nos levarmos demasiado a sério. Isto é tudo a brincar. A prova disso é o sucesso granjeado pelo Dragão que, realmente, escreve textos maravilhosos, mas que jamais se tornarão doutrina. Em abono da verdade, o seu propósito não é esse. E, com toda a justiça, talvez seja melhor assim. Se nos rirmos, até pode ser que choremos, mas sempre de alegria. Quanto às ideias, à substância, essas não interessam para nada na blogosfera nacional. O processo pseudo intelectual que aqui encontramos não conduz a nada, a não ser circo e sangue. O JPP é que tem razão: mais vale postar fotografias e arranjos florais, do que querer debater o que quer que seja!
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