Num post anterior, a Zazie afirma que "Aqui há uma regra de ouro- a mesma que existe em todos os debates- tem um único nome- honestidade intelectual". Este é um conceito deveras interessante e que representa várias dimensões. Primeiro, a busca da verdade. Segundo, a coerência do raciocínio. Terceiro, a clareza de expressão.
Quanto à primeira dimensão, a busca da verdade, admito que a maioria das pessoas, quando entra num debate, a tem como finalidade. É claro que esta minha interpretação parte da premissa de que o carácter humano é na sua essência bondoso. Mas poder-se-á até concluir que não há verdade para obter, sem com isso incorrer no vício da desonestidade intelectual. Por outras palavras, a "Honestidade Intelectual" não depende da obtenção da verdade. Pelo contrário, a utilização do insulto, como pedra de toque da inépcia argumentativa, é o primeiro sinal de que não há vontade de batalhar pela verdade.
Quanto às outras duas dimensões do conceito, já não se passa o mesmo. A ausência de coerência e a incapacidade de expressão são os principais obstáculos à franqueza e à objectividade necessárias para que se estabeleça um debate intelectualmente honesto. Nem sempre se trata de cretinice. São apenas manifestações próprias de quem não sabe pensar. O debate diz respeito às causas e às consequências. O debate diz respeito à crítica e à alternativa. À discórdia e ao consenso.
Existem correntes filosóficas que defendem a interrogação como a resposta adequada à interrogação anterior. Na minha opinião, esse é o principal vício de argumentação no qual alguém pode incorrer. Por uma simples razão, com tantas interrogações, o resultado será sempre o mesmo: que nada se pode concluir, mesmo quando isso não é verdade. Por outro lado, também não há debate possível quando o código utilizado para o efeito - a linguagem e o idioma - se torna de tal forma complexo e armadilhado que nem o próprio emissor, muito menos o receptor, o consegue entender.
Por isso, não deixa de ter uma certa piada observar que alguns bloggers permanecem convencidos da sua honestidade intelectual e que apontem somente aos outros os vícios em que eles próprios incorrem. Em particular, aqueles que escrevem intermináveis relambórios, sem nexo nem objectividade. Pelo contrário, aqueles que escrevem de forma densa mas perceptível contribuem com a profundidade que um bom debate exige.
Mas o pior é o espectáculo deprimente, incessante, que nos é oferecido por aqueles que incorrendo em todos os vícios de argumentação (a incoerência, a imperceptibilidade e a má educação) conseguem ter o descaramento de se afirmar pela "Honestidade Intelectual". E de se apresentarem como arautos da moral e da ética, mesmo quando a "mostarda lhes sobe ao nariz" e se lançam numa enxurrada de insultos destinada a enxovalhar, a disciplinar, o oponente.
Honestidade intelectual?! Pois claro!
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