27 novembro 2008

as testemunhas do bloco

Ser do Bloco é como pertencer a uma seita religiosa fundamentalista. É aceitar um conjunto de cânones e de valores supremos que devem orientar a vida, em quaisquer circunstâncias, mesmo quando alguns desses cânones desafiam a razão e conduzem ao confronto com a comunidade. Nessa altura, o crente trata o descrente como um herege e mostra-se pronto a sacar da guilhotina.
Repare-se nesta linguagem de Daniel Oliveira, membro confesso da seita:
Porque é do Bloco que sou militante, porque os erros do Bloco são erros meus, porque é com o Bloco que tenho de ser mais exigente, é com o Bloco que estou mais desiludido.
Revela-se aqui um princípio de fé. A seita é o povo eleito e errar, a mais humana das fraquezas, torna-se uma tortura e um elemento de excomunhão. Erramos, agora vamos para o inferno, não há qualquer sentido de utilitarianismo e de perdão.
É por isso que os textos de Daniel Oliveira são uma constante denúncia de hereges. Só na primeira página do seu blogue, refere-se desprimorosamente a:
Dias Loureiro
Manuel Sebastião
Henrique Raposo
Cavaco Silva
Victor Constâncio
Luís Miguel Viana
Maria de Lurdes Rodrigues
Alberto João Jardim
Jorge Coelho
E até pessoas que ele deve conhecer de perto e tratar por tu, como:
Sarah Palin
Hillary Clinton
Pelo menos aqui, no Portugal Contemporâneo, só “desprimoramos” um avatar, que dá pelo nome de Dragão e que aprendeu a papaguear palavrões. Somos muito mais liberais (tolerantes).

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