19 outubro 2008

para passarem a acreditar nas do próximo


Os portugueses gostam do Estado e possuem uma fé no Estado que desafia toda a imaginação. Um especialista pode aparecer nos media a emitir uma opinião verdadeira sobre qualquer assunto que, se não estiver em representação do Estado, ninguém o ouve ou é rapidamente esquecido. Pelo contrário, apareça um representante do Estado a fazer um comentário sobre o mesmo assunto, por mais distorcido, enviesado ou mesmo falso que seja, e ele vai ser ouvido e tomado a sério.

Esta característica cultural dos portugueses corre o risco de lhes vir a sair cara na presente crise financeira que, em breve, se tornará numa grande crise económica. Aproximando-se as eleições, enquanto em outros países - incluindo os EUA, onde também em breve haverá eleições - os governantes alertam os cidadãos para a necessidade de se prepararem para as condições muito difíceis que se avizinham e vão durar anos, em Portugal os governantes passam uma visão falsamente optimista do futuro próximo dos portugueses que induz a população em erro.

Observação estatística levou o Ricardo a escrever este post. E, nos últimos dias, as estatísticas publicadas pelo Banco de Portugal confirmam que os portugueses continuam a consumir e a importar como se nada se passasse. Entre Janeiro e Julho deste ano, o défice de transacções correntes, que constitui um dos grandes problemas da economia portuguesa, agravou-se a um ritmo alarmante superior a 20% face a igual período do ano passado, e representa agora mais de 12% do PIB. O agravamento foi devido inteiramente à deterioração da balança comercial (importações vs. exportações de mercadorias).

Quando a correcção destes excessos surgir - e ela está para breve - vai ser mau, muito mau. Muitissímo pior do que já é, e os portugueses deixarão de acreditar nas previsões falsamente optimistas deste governo para passarem a acreditar nas do próximo.

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