Tem-se discutido neste blogue a ideia, defendida pelo CN, de um sistema bancário que funciona com 100% de reservas. O meu propósito neste post é o de demonstrar que um tal sistema é impossível, e aquilo que o torna impossível é o próprio processo concorrencial do mercado. Para o efeito, assumo que o sistema bancário é inteiramente livre e sem qualquer intervenção por parte do Estado.
Começo por retomar o que escrevi nest post. Admitamos então dois bancos, sob a forma de sociedades anónimas, em situação de concorrência e com 100% de reservas em ouro. Cada banco aceitou depósitos em ouro no valor de 100 e emitiu ordens de pagamento somente pelo valor de 100. Não há criação de crédito. Cada banco retira as suas receitas e os seus lucros das comissões que cobra sobre os certificados de depósito e as ordens de pagamento que emite. Não é grande negócio, diga-se.
Passado um tempo o gestor de um dos bancos, PA, descobre que os titulares das ordens de pagamento não vão lá todos ao mesmo tempo executá-las. E passa a emprestar 20% do ouro que possui em depósito a pessoas que vão lá à procura de crédito. O gestor do outro banco, CN, embora sabendo a mesma coisa, mantém-se fiel ao princípio das reservas a 100% e não concede crédito a ninguém. O Banco PA passa agora a ter uma receita e uma fonte de lucros adicional: os juros que cobra sobre os empréstimos concedidos. E em breve vai tirar clientela ao banco do CN.
De facto, cobrando 8% de juro pelos empréstimos que concede, PA seduz agora os depositantes do Banco do CN, prometendo-lhes pagar 3% pelos seus depósitos em ouro, ao passo que no Banco do CN são os clientes que ainda têm de pagar uma comissão pela guarda do ouro. Os clientes do CN mudam-se em massa para o PA.
Chegamos ao final do ano e às Assembleias Gerais. Os accionistas do primeiro banco dão os parabéns ao gestor PA pelo crescimento do volume de negócios e pelos lucros que ele alcançou para o Banco. Pelo contrário, os accionistas do segundo banco, vão perguntar ao gestor CN como é possível que o concorrente tenha gerado tantos lucros e tanto crescimentos e ele tão pouco de uma coisa e de outra. O CN explica-lhes que é por decidir manter reservas a 100% as quais tornam o banco o mais seguro do mundo para os seus depositantes. A verdade, porém, é que para os accionistas, o banco está a minguar e as receitas já não dão para cobrir os custos.
Os accionistas despedem o CN e empregam um gestor que, em lugar de emprestar 20% do ouro em depósito como faz PA, decide emprestar 50%, gerando grandes lucros para o Banco. Em breve PA imita o concorrente. Começou agora o processo concorrencial que vai levar, a prazo, cada um dos banqueiros a manter um nível de reservas tendente para zero. Passaram-se, entretanto, anos. O dia vai chegar em que os depositantes afluem em massa aos bancos para levantarem os depósitos. Nesse dia é a crise, como aquela que estamos a viver agora, pois os bancos não possuem em caixa reservas de ouro suficientes para honrar os depósitos.
Passados estes anos, o que é feito do CN? Desde que o despediram do banco, nenhum outro banco lhe deu emprego, por causa daquela ideia da segurança a 100% dos depósitos que era ruinosa para os bancos. Ele viveu todos estes anos ressentido a prever uma crise bancária. E acertou. Nesse dia do pânico bancário, sentado num banco do jardim a ler as notícias, ele disse para a mulher: "Estás a ver, eu tinha razão!". E ela, com um grande sentido prático, respondeu-lhe assim:"Antes não tivesses. Tinhas ficado como presidente do banco e seríamos hoje ricos, em lugar desta vida miserável que acabaste por me dar" .
Começo por retomar o que escrevi nest post. Admitamos então dois bancos, sob a forma de sociedades anónimas, em situação de concorrência e com 100% de reservas em ouro. Cada banco aceitou depósitos em ouro no valor de 100 e emitiu ordens de pagamento somente pelo valor de 100. Não há criação de crédito. Cada banco retira as suas receitas e os seus lucros das comissões que cobra sobre os certificados de depósito e as ordens de pagamento que emite. Não é grande negócio, diga-se.
Passado um tempo o gestor de um dos bancos, PA, descobre que os titulares das ordens de pagamento não vão lá todos ao mesmo tempo executá-las. E passa a emprestar 20% do ouro que possui em depósito a pessoas que vão lá à procura de crédito. O gestor do outro banco, CN, embora sabendo a mesma coisa, mantém-se fiel ao princípio das reservas a 100% e não concede crédito a ninguém. O Banco PA passa agora a ter uma receita e uma fonte de lucros adicional: os juros que cobra sobre os empréstimos concedidos. E em breve vai tirar clientela ao banco do CN.
De facto, cobrando 8% de juro pelos empréstimos que concede, PA seduz agora os depositantes do Banco do CN, prometendo-lhes pagar 3% pelos seus depósitos em ouro, ao passo que no Banco do CN são os clientes que ainda têm de pagar uma comissão pela guarda do ouro. Os clientes do CN mudam-se em massa para o PA.
Chegamos ao final do ano e às Assembleias Gerais. Os accionistas do primeiro banco dão os parabéns ao gestor PA pelo crescimento do volume de negócios e pelos lucros que ele alcançou para o Banco. Pelo contrário, os accionistas do segundo banco, vão perguntar ao gestor CN como é possível que o concorrente tenha gerado tantos lucros e tanto crescimentos e ele tão pouco de uma coisa e de outra. O CN explica-lhes que é por decidir manter reservas a 100% as quais tornam o banco o mais seguro do mundo para os seus depositantes. A verdade, porém, é que para os accionistas, o banco está a minguar e as receitas já não dão para cobrir os custos.
Os accionistas despedem o CN e empregam um gestor que, em lugar de emprestar 20% do ouro em depósito como faz PA, decide emprestar 50%, gerando grandes lucros para o Banco. Em breve PA imita o concorrente. Começou agora o processo concorrencial que vai levar, a prazo, cada um dos banqueiros a manter um nível de reservas tendente para zero. Passaram-se, entretanto, anos. O dia vai chegar em que os depositantes afluem em massa aos bancos para levantarem os depósitos. Nesse dia é a crise, como aquela que estamos a viver agora, pois os bancos não possuem em caixa reservas de ouro suficientes para honrar os depósitos.
Passados estes anos, o que é feito do CN? Desde que o despediram do banco, nenhum outro banco lhe deu emprego, por causa daquela ideia da segurança a 100% dos depósitos que era ruinosa para os bancos. Ele viveu todos estes anos ressentido a prever uma crise bancária. E acertou. Nesse dia do pânico bancário, sentado num banco do jardim a ler as notícias, ele disse para a mulher: "Estás a ver, eu tinha razão!". E ela, com um grande sentido prático, respondeu-lhe assim:"Antes não tivesses. Tinhas ficado como presidente do banco e seríamos hoje ricos, em lugar desta vida miserável que acabaste por me dar" .
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