17 junho 2008

pop & politics

Cair na real é muito doloroso, especialmente para quem viveu num mundo de fantasia durante muitos anos. As fantasias e a imaginação substituem a realidade, enquanto esta se torna objecto de uma negação. O resultado é idêntico a viver num paraíso artificial.
A geração dos sessenta-oitistas, a que me referi no post anterior, investiu muito em paraísos artificiais. E quando se tornou necessário trabalhar e ganhar o pão-nosso de cada dia surgiram sintomas agudos de desadaptação. Sobrava menos tempo livre para o álcool, para a passa e para o sexo e naturalmente instalava-se o tédio. Ora o tédio é um inferno, que tudo justifica.

Um dos resultados deste problema foi a deterioração das relações entre as pessoas, cuja natureza, na realidade, não correspondia à olímpica imagem fruticolor da pop art, que o LSD concretizava. Esta deterioração foi muito evidente, por exemplo, no matrimónio, traduzindo-se em elevadas taxas de divórcio. A monogamia sucessiva não é senão a outra face do litígio consecutivo. Obviamente, é difícil ser subtraído à manada e assumir responsabilidades individuais, ou substituir o sexo grupal dos kibbutz pela conjugalidade.

A nível Europeu, e noutro plano, os líderes políticos também têm vindo a edificar paraísos artificiais, mas a realidade acaba sempre por se impor e é possível que seja isto que está a acontecer neste momento. O Estado Providência, por exemplo, não passa de uma fantasia, de um esquema piramidal que depende da entrada constante de crédulos, mas os sessenta-oitistas nem se deram ao trabalho de assegurar uma descendência que minimamente viabilizassem o sistema. Estavam numa boa…

Quando nos apercebermos que a Europa não está a criar a riqueza necessária para mantermos o nosso nível de vida, o choque vai ser grande e é possível que os Europeus acabem todos num processo de divórcio bastante litigioso.

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