Nos anos 60 e 70, a Europa atravessou um período de mudança cultural. As tradições e os costumes do passado pareciam totalmente ultrapassados e a juventude dedicava-se à descoberta de novas formas de organização social. Os três pilares da sociedade portuguesa, a família, a pátria e Deus, cheiravam a naftalina. Eram vistos como elementos da sociedade burguesa que urgia desconstruir. Em particular, a família, a pareja tradicional com as crias, era ridicularizada como uma prisão e uma forma de escravatura sexual.
Os jovens viviam num estado de confusão mental, entre Hegel, Marx, Marcuse e Reich. Tudo era filtrado à luz de elevados níveis hormonais e servia de justificação para falar da coisa (preliminares) ou efectuar a coisa. Morta a família, os jovens pensavam em formas comunitárias de vida, uma espécie de kibbutz onde se dedicassem, em grupo, à exploração do corpo e da mente. O Tibete já era bastante popular e alguns acreditavam na terceira visão. Relativamente à descendência, na medida em que a família burguesa seria eliminada, os jovens assumiriam a responsabilidade colectiva pelos filhos. O filho é de todos! Dizia-se...
Esta procura incessante por novas formas de organização social talvez tenha sobrevivido no espírito da minha geração. Vejamos o que se passa actualmente com a União Europeia, cujos líderes cresceram nesses anos agitados.
A UE rejeita as formas tradicionais de organização política e administrativa das nações e dos Estados e os seus líderes dedicam-se afanosamente à descoberta de um novo modo de integrar 27 países, na solidariedade, responsabilidade social, consciência ecológica, paz mundial e desenvolvimento sustentado. Todos beneficiam e todos assumem as respectivas responsabilidades. Na cartilha Rousseauniana da UE, não há mafarricos nem “bullies” e todos têm boas intenções. Nem são necessários mecanismos de “checks and balances”, porque todos querem o bem comum. O filho é de todos!
Só que na sexta-feira 13, o bruto celta veio dizer, para espanto de todos, que não era o pai da criança. Depois de se ter aproveitado à fartazana do bordel.
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