05 novembro 2007

à minha pessoa

Se a liberdade, e o direito à liberdade de expressão, permitem a Dawkins insultar Deus daquela maneira, o que posso esperar eu que estou num plano infinitamente inferior em relação a Ele? E, na realidade, ao longo da última semana, eu recebi na blogosfera muitos dos insultos que Dawkins dirige a Deus, e ainda alguns outros. O mais frequente foi o de racista.

É uma atribuição que eu não aceito. Considerando-me um português genuíno, com todos os defeitos dessa condição, e também as suas virtudes, eu pertenço a um dos países menos racistas que a humanidade jamais conheceu. No meu conhecimento, só existe um país menos racista ainda, na realidade, um país onde, praticamente, não existe racismo de todo - o Brasil. Mas agora, eu orgulho-me de pertencer ao país que lhe deu a paternidade.

Não obstante, nesta tentativa de assassinar o meu carácter, até o meu ex-colega Gabriel - que deve à minha pessoa a sua permanência no Blasfémias - veio a uma caixa de comentários deste blogue acentuar o critério "rácico" que, num post anterior, eu tinha utilizado para definir os judeus.

Na realidade, eu estou convencido que muito deste barbarismo moderno - incluindo o de Dawkins - tem origem na ignorância e no preconceito e, por isso, empenhei-me em esclarecer algumas questões em relação à cultura judaica. Por exemplo, a de que a pertença a esta cultura se define ancestralmente por descendência matrilínea. Só muito recentemente, no início dos anos 80, e aplicando-se apenas à facção do judaísmo conhecida por Judaísmo Reformista (Reform Judaism), centrada sobretudo nos EUA, o critério foi aberto também à descendência patrilínea. Para os judeus ortodoxos, porém, mantém-se em exclusivo o critério ancestral.

Os judeus constituem assim uma verdadeira raça, cuja identidade se define por laços de sangue, e que são conhecidos historicamente pela sua relutância em se misturar com outras raças. Racista, portanto, não sou eu, e muito menos a cultura a que eu pertenço, que nunca hesitou em misturar-se com outras culturas. Racistas - se existe alguém a quem se possa aplicar a designação - são, na realidade, os judeus, embora eu não lhes queira mal por isso.

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