02 novembro 2007

deu-lhes

Vai agora para cinco meses que no Portugal Contemporâneo eu tenho vindo a tratar temas de inspiração quase exclusivamente religiosa no âmbito da tradição judaico-cristã. Escrevi abundantemente sobre a cultura católica e a cultura protestante, salientando-lhes os aspectos positivos e também os negativos. Finalmente, quando me preparava para discutir uma das mais importantes culturas dessa tradição, e a mais antiga - a judaica -, fui surpreendido, mesmo em dia de feriado, por uma barragem de posts em outros blogues e por uma afluência record de visitantes a este blogue, a qual se tem prolongado pelo dia de hoje.
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Os fenómenos de histeria colectiva possuem múltiplas causas. E, neste caso, a primeira é a de que a certos intelectuais portugueses deu-lhes ultimamente para se considerarem judeus (nos anos sessenta, orgulhavam-se de serem árabes). Provavelmente a razão está nas listas que existem na internet com os apelidos portugueses de origem judaica. Em resultado destas listas, qualquer homem ou mulher de apelido Pereira, Oliveira, Silveira, Abreu, Almeida ou Arroja (os dois últimos, os meus próprios apelidos, que também aparecem nas listas) pode ser levado ao engano de se considerar judeu.

Existem apenas 15 milhões de judeus no mundo - menos de 0.25% da população global. O carácter judaico de uma pessoa é definido pela sua filiação materna - não pelo seu apelido. São judeus apenas os homens e mulheres cuja mãe é judia, independentemente da cultura a que pertence o pai. A cultura judaica - ao contrário, por exemplo, das culturas católica, protestante ou muçulmana - é uma das poucas no mundo que se define precisamente por laços de sangue. Em Portugal, um judeu genuíno é, por exemplo, o ex-Presidente Jorge Sampaio, que é filho de mãe judia.

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