06 outubro 2007

honra lhe seja feita

Com esta minha tendência para encontrar confirmações das minhas teses a cada esquina que passo, eu tinha alguma expectativa em relação aos comentários ao meu post anterior.

Nele, eu afirmava que o Pacheco Pereira e o Marcello Rebelo de Sousa estavam a ter comportamentos inaceitáveis em relação à nova liderança do PSD, os quais se traduziam, em última instância, no mais mais completo desdém pela voto maioritário dos militantes do seu partido - isto é, pela democracia.

Nos quatro comentários que apareceram na caixa até ao momento em que escrevo, três (75%) defendiam o Pacheco Pereira - e todos utilizavam razões que não tinham nada que ver com o caso. Um deles terminava mesmo dizendo "honra lhe seja feita", quando, na minha opinião, e no caso em discussão, se deveria dizer "desonra lhe seja feita".

As reacções ilustram, porém, uma outra tese que tenho vindo a defender neste blogue, que é a de que a cultura católica é muito mais livre - ao ponto de dar liberdade ao pecado - do que a cultura protestante, e que este é seguramente um dos seus calcanhares de aquiles.

O Pacheco Pereira está, obviamente, em pecado na matéria em discussão - e num país de cultura democrática e dado a menos liberdades individuais, há muito a opinião pública o teria calado sobre este assunto. Mas, aos olhos da opinião pública deste blogue, que eu julgo ser generalizável à opinião pública do PSD e do país, "honra lhe seja feita", por outra razão qualquer que não tem nada a ver para o caso.

Este é o tipo de liberdade pecaminosa aceitável na nossa cultura e que, a prazo, contribui para deitar a casa abaixo.

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