(Continuação daqui)
3. Opus Dei
Na conversa Milhão vs. Frazão nota-se que sendo ambos conservadores nos costumes, na esfera económica o Miguel Milhão exprime um liberalismo mais agressivo (americano, calvinista) do que o Pedro Frazão, que é membro do Opus Dei (cf. aqui)
O liberalismo só conseguiu criar raízes nos países onde o catolicismo foi proibido. Aconteceu assim na Grã-Bretanha depois da Glorious Revolution e na Prússia, sob a política de kulturkampf de Bismarck.
O liberalismo é protestante e começou por ser radicamente anti-católico. Em Portugal, a Igreja foi perseguida pelos liberais, sob influência britânica, a seguir à Revolução Liberal de 1820 e até ao fim de I República. (Hoje é ao contrário, são os liberais que são perseguidos pela Igreja: cf. aqui).
Naturalmente, a cultura católica, sendo uma cultura de tudo (universal), procurou integrar o liberalismo. Fê-lo formalmente na década de 1930 com a criação do Opus Dei.
O Opus Dei é o calvinismo catolicizado (isto é, com sentido de comunidade) e representa o limite até onde a Igreja pode ir em termos de liberalismo.
Quem quiser permanecer católico e ao mesmo tempo liberal deve seguir a corrente teológica do Opus Dei com a sua fortíssima ética do trabalho. Quem o fizer - e para sua própria surpresa -, pode muito bem acabar rico.
(Continua acolá)

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