(Continuação daqui)
9. Uma cabra ou um cabrão
O podcast foi gravado nas instalações da Prozis na Maia. Logo à entrada, em letras vermelhas luminosas, a inscrição "A GOD CALLED MONEY". Por baixo, a imagem de um animal, não consegui discernir o sexo, se era uma cabra ou um cabrão.
"A God Called Money" é o título de um filme com a Julia Roberts e parece que o Papa Francisco também pronunciou a frase referindo-se a Mamon. Inicialmente não consegui compreender a relação entre a imagem do animal e o slogan. Observei depois que o ambiente da empresa é perfeitamente americano, tudo muito profissionalizado. Fiquei encantado. No estúdio, uma equipa de produção com três pessoas para gravar o podcast.
Eu não queria abusar da hospitalidade do meu anfitrião para falar de assuntos pessoais, mas não resisti, o meu case-study (cf. aqui) tem um manifesto interesse público. Além de revelar a corrupção que existe no sistema de justiça português e o seu carácter anti-democrático e inquisitorial, ele ilustra na perfeição a profecia de Santo Agostinho referida no post anterior, segundo a qual "Um Estado que não se reja pela justiça converte-se num grande bando de ladrões".
Uma sociedade de advogados e um político queixam-se de dois crimes de ofensas. O Ministério Público dá seguimento à queixa e produz acusação criminal contra mim. Um tribunal superior do país condena-me pelos dois crimes. O Estado português não se regeu pela justiça (um tribunal internacional arrasou a condenação).
E quem são os ladrões?
O próprio Estado a quem tive de pagar sete mil euros de multa mais outro tanto em custas judiciais; o político a quem tive de pagar uma indemnização de dez mil euros mais juros (cerca de doze mil no total); e a sociedade de advogados a quem tive de pagar uma indemnização de cinco mil euros mais juros (cerca de seis mil no total). Este é o grande bando de ladrões a que se referia Santo Agostinho.
Excepcionalmente, este caso era recorrível para um tribunal internacional, onde imperou a justiça. O tribunal internacional ordenou ao tribunal nacional para rever a condenação - uma decisão que aguardo para breve -, pelo caminho obrigando o Estado português a devolver-me o dinheiro que me roubou e ainda o dinheiro que me foi roubado pela sociedade de advogados e pelo político. O golpe saiu mal ao Estado e o bando de ladrões ficou reduzido à sociedade de advogados e ao político que acusaram falsamente um inocente e ainda enriqueceram por cima.
O dinheiro falou mais alto que a justiça.
Eu ponho sempre alguma emocionalidade quando falo deste case-study. E foi nesse estado algo emocional que me despedi do Miguel Milhão e saí do estúdio. Ao abandonar o edifício, acompanhado por um seu colaborador, olhei uma derradeira vez para a imagem do animal, uma cabra ou um cabrão, encimada pela inscrição "A GOD CALLED MONEY".
Subitamente tudo aquilo ganhou um significado para mim. Pensei: "Na verdade, só uma cabra ou um cabrão põe o dinheiro acima de tudo, mesmo do valor sagrado da justiça".
(Continua acolá)

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