(Continuação daqui)
53. O ocaso dos partidos
Aquilo que de mais importante a sondagem ontem divulgada pela CNN sobre as eleições presidenciais (cf. aqui), é que os portugueses são capazes de escolher os seus governantes sem necessidade dos partidos, da apresentação de candidatos e de campanhas eleitorais.
Sem ter sido designado por qualquer Partido, sem se ter apresentado como candidato, sem ter feito qualquer campanha eleitoral, o povo português já escolheu o Almirante Gouveia e Melo para seu Presidente da República. Só falta saber se ele aceita.
Parece que, ao fim de 50 anos, cansado de que sejam os partidos e enfiar-lhes presidentes da República (e outros governantes) pela goela abaixo, o povo português finalmente se impôs e decidiu ser ele próprio a escolher o Presidente. E a margem não é pequena. Segundo a sondagem, numa segunda volta frente a qualquer dos candidatos apoiado por partidos, o Almirante ganharia com uma vantagem mínima de 20 pontos percentuais.
A designação dos candidatos pelos partidos, a apresentação de candidaturas e, finalmente, a campanha eleitoral são os três atributos do processo de escolha dos governantes numa democracia liberal ou partidária. São exactamente esses três atributos que estão ausentes - na realidade, são proibidos - no processo eleitoral de uma democracia de tradição católica ou portuguesa, e que enfatizei no post anterior.
Os portugueses não gostam de partidos (cf. aqui). A escolha do Almirante Gouveia e Melo para Presidente da República parece representar o ocaso dos partidos e, com eles, da própria democracia partidária.
(Continua acolá)
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