118. José Sócrates
Para mim, o grande momento mediático dos últimos tempos em Portugal foi a entrevista de José Sócrates ontem à CNN: cf. aqui.
Três dias depois de José Sócrates ter sido preso no aeroporto de Lisboa em Novembro de 2014 eu fiz um comentário arrasador em sua defesa no Porto Canal (cf. aqui), e voltei ao tema repetida e semanalmente nos meus comentários seguintes.
Meses depois, era eu que tinha o Ministério Público atrás de mim no processo que agora culminou na decisão do TEDH (cf. aqui).
Nunca tive apreço político por José Sócrates, como é fácil de imaginar. Ele era o português típico vindo directamente da província para Lisboa com a ideia de mudar o país e, se lhe dessem oportunidade, também o mundo: boa figura, bem falante, mal preparado.
Fiz pela justiça e também por ele, aquilo que nem o seu próprio partido arriscou fazer, como ele próprio agora admite. Fi-lo não apenas no Porto Canal, mas também na imprensa e neste blogue numa altura em que o Ministério Público estava em alta.
Este artigo, escrito no jornal Vida Económica poucos dias após a sua prisão, e reproduzido neste blogue, é hoje para mim um grande orgulho: cf. aqui.
Depois disso, escrevi imenso sobre o seu caso neste blogue. Ele é o exemplo paradigmático da justiça inquisitorial a funcionar em Portugal em pleno século XXI.
Hoje seria fácil fazê-lo porque o Ministério Público caiu em desgraça tal como, exactamente há 50 anos, eu vi a PIDE cair em desgraça.
Resta-me acrescentar que entre mim e o José Sócrates, existe uma diferença considerável. Ele nunca foi condenado, na realidade, nem sequer foi julgado. Pelo contrário, eu fui julgado e condenado, sou um cadastrado (cf. aqui).
Em breve, irei pedir ao Estado se faz o favor de me descondenar.
(Continua acolá)
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