12 março 2024

CHEGA (17)

 (Continuação daqui)




17.  Revolta

Conforme referi no post que iniciou está série (cf. aqui), e as eleições de domingo parecem ter confirmado, o Chega, mais do que um Partido Político, parece um Movimento Popular de revolta contra a democracia liberal ou partidária em Portugal, pelo menos tal como ela tem sido praticada pelos dois partidos liderantes, PS e PSD.

Como Partido Político, falta-lhe coerência ideológica. Começou com um programa nacionalista e liberal nas eleições de 2019, manteve essa tónica programática nas eleições de  2022, mas virou à esquerda no programa apresentado às últimas eleições (cf. aqui).

O liberalismo desapareceu, o nacionalismo foi bastante atenuado e o que ressalta do programa é uma tónica social-democrata em que o Estado é o centro da sociedade e a igualdade é um valor a perseguir, chegando ao ponto de promover a igualdade entre os animais e as pessoas. A ideia do bem-comum desaparece para dar lugar à promoção de interesses sectoriais e corporativos.

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Declaração de interesses. Eu votei no Chega (nas eleições de 2022 fui mesmo seu mandatário nacional e autor do seu programa económico), mas não pelo seu programa eleitoral de agora. Foi um voto de protesto (cf. aqui) à semelhança do que terá acontecido com mais de um milhão de portugueses. Entretanto, passei a achar graça aos jornalistas e comentadores que dizem que o Chega é um partido de direita. Não é isso que decorre do seu programa eleitoral. 

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