António Costa, ontem no Porto: "Pelo menos o Joãozinho foi começado, financiado, projectado, contruído nos nossos governos e humildemente inaugurado por mim" (cf. aqui, min. 22:52)
Agora, a verdade: A obra do Joãozinho (Ala Pediátrica do Hospital de S. João do Porto) foi projectada, começada e parcialmente paga pela Associação Humanitária "Um Lugar para o Joãozinho" ao abrigo de um contrato de empreitada com o consórcio de construtoras Lucios/Somague no valor de 20,2 milhões de euros. Logo após tomar posse no final de 2015, o Governo PS impediu o avanço da obra (cf. aqui), paralisou-a durante quatro anos, e viria mais tarde a adjudicá-la, por ajuste directo, a uma outra construtora por 26,7 milhões de euros (cf. aqui).
Como presidente da Associação Joãozinho na altura, eu compreendo, perfeitamente, que o Governo PS tenha interrompido a obra. Desde o governo de José Sócrates que as crianças sofrendo de doenças as mais graves estavam internadas em barracões metálicos no segundo maior hospital do país, onde havia pragas de moscas, chovia lá dentro no Inverno e o aquecimento não funcionava.
A iniciativa da sociedade civil (devidamente autorizada pelo governo de Passos Coelho) fazia parecer mal o Governo PS. E não permitiria ao primeiro-ministro vir hoje gabar-se humildemente daquilo que não fez, daquilo que só fez em parte, daquilo que só financiou em parte e, mesmo isso, só após o escândalo desencadeado pelo pai de uma criança internada e sob intensa pressão da sociedade civil do Porto largamente representada na Associação Joãozinho. Pelo caminho, faltou ao primeiro-ministro gabar-se dos contratos que o seu governo não cumpriu no processo, à semelhança de qualquer vulgar trapaceiro.
Agora, aquilo que eu, humildemente, ainda hoje não compreendo é onde é que foram parar os 6,5 milhões de euros de diferença entre o contrato de empreitada celebrado pela Associação Joãozinho com o consórcio Lucios/Somague e o contrato de empreitada celebrado pelo Governo, por ajuste directo, com outra construtora que viria a continuar a obra.
Numa nota pessoal, gostaria de acrescentar que foi o Joãozinho que me levou a aderir ao Chega e me fará votar no Chega no próximo dia 10. Antes, foi também o Joãozinho que me levou a uma cama de hospital para ser operado de emergência ao coração depois de um súbito enfarte do miocárdio (operação da qual estou felizmente recuperado, excepto pela grande cicatriz que me ficou no peito e que todos os dias me recorda o Joãozinho).
Porque não foi só o PS a boicotar a obra. Antes, já a facção socialista do PSD, liderada pelo Paulo Rangel (que tinha perdido para Passos Coelho nas eleições para a presidência do PSD), à frente da sociedade de advogados Cuatrecasas, o tinha procurado fazer (cf. aqui), mas aqui os interesses eram também de outra natureza - um caso em que acabei réu em tribunal e cujo desfecho está previsto para o próximo dia 19 com a decisão final do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem (cf. aqui).
Quando o Chega surgiu, eu vi nele o partido capaz de abanar este sistema corrupto formado pelo PS e pelo PSD - que governam Portugal desde que o país aderiu à democracia -, e que eu testemunhei pessoalmente à frente do Joãozinho. Eu nunca tinha visto tanta corrupção junta, alinhada uma a seguir à outra, endémica, e foi o Joãozinho também que me ensinou que a principal não está só na política, está também na justiça.
Cada um tem as suas razões para votar num partido. Eu tenho o Joãozinho para votar no Chega.
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