27 fevereiro 2024

Mil e uma (8)

 (Continuação daqui)




8. Num pedestal

Uma consequência trágica da má imitação que em Portugal se faz da democracia liberal diz respeito à condição da mulher.

Os países que criaram a democracia foram os países protestantes onde o homem é o centro da sociedade e objecto de veneração - o princípio protestante Solus Christus. Os protestantes não apenas apearam a mulher do pedestal em que o catolicismo a coloca como proibiram a sua veneração.

O protestantismo é uma cultura masculina por excelência, onde o homem tem uma imensa superioridade em relação à mulher. Não surpreende que os movimentos feministas tenham nascido nas democracia liberais do norte da Europa e da América do Norte reclamando a elevação da mulher à posição que era ocupada somente pelo homem.

Vale a pena agora atentar no que dá a imitação, num país católico como Portugal, do feminismo protestante.

Na cultura católica de Portugal, a mulher está num pedestal. A própria figura teológica da Igreja é a figura de Maria e o espectáculo que a Igreja oferece a quem a queira contemplar de longe é a de uma imensidão de homens (padres) a servir uma mulher (a Igreja na figura de Maria).

Ora, nesta cultura, o feminismo criado pela democracia liberal, que reivindica a igualização da condição da mulher à do homem, aquilo que faz é tirar a mulher do pedestal em que ela se encontra e depreciá-la até ao nível do homem.

A pergunta que ocorre é a seguinte: Quantas mulheres, na cultura católica de Portugal, querem deixar de ser adoradas, e passarem a ser rebaixadas até ao ponto de serem tratadas como os homens?

Não devem existir muitas.

(Continua acolá)

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