21 fevereiro 2024

Mil e uma (7)

 (Continuação daqui)



7. Imita tudo

Seria difícil imaginar os ingleses, que têm uma cultura fortemente influenciada pelo anglicanismo e pelo protestantismo calvinista, ambicionarem algum dia imitar o regime de Salazar que vigorou em Portugal até 1974.

Mas não é nada difícil imaginar os portugueses a imitar o regime de democracia liberal inventado pelo ingleses e que eles praticam há séculos sem interrupção e felizes com eles próprios. Desde 1820 que Portugal procura imitar o regime de democracia liberal britânico, uma imitação só interrompida entre 1926 e 1974 com o regime do Estado Novo.

Na realidade, desde 1820 Portugal conheceu todos os regimes políticos e ideologias que é possível imaginar, monarquia absoluta, monarquia constitucional, democracia, ditadura, república, socialismo, liberalismo. A maior parte são "fatos" que não lhe servem, como é o caso da democracia liberal.

Mas porquê esta tendência para imitar tudo o que se passa na civilização, incluindo regimes políticos e ideologias que definitivamente não fazem parte da sua tradição, e estão destinados a ser fatos que não lhe servem.

A razão é a sua cultura católica, uma palavra que, do grego, significa universal. Ora, uma cultura universal tem de ter tudo aquilo que existe no mundo. Trata-se de uma cultura imitadora por excelência. A cultura católica imita tudo para permanecer uma cultura verdadeiramente católica ou universal.

Como sucede com todas as imitações, umas são boas e outras são francamente más. Acontece assim com a democracia liberal, imitada dos países protestantes do norte da Europa.  

(Continua acolá)

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