(Continuação daqui)
129. The Spanish Inquisition
No post anterior afirmei que o alvo principal do Ministério Público, seguindo a sua tradição inquisitorial, é e será sempre a Esquerda.
É claro que a maior manifestação moderna da cultura inquisitorial, protagonizada pelo Ministério Público, só poderia ter lugar no país que foi a sede da mais feroz Inquisição - a famigerada Spanish Inquisition - e ter por alvo políticos de esquerda - os independentistas catalães.
Foi o Ministério Público que judicializou a questão do independentismo catalão que é uma questão eminentemente política. A liderar a corporação oficial de terroristas que levou à prisão muitos independentistas catalães, e que obrigou outros a exilarem-se durante anos no estrangeiro, estava o magistrado (fiscal) do Ministério Público espanhol (Fiscalia), José Manuel Maza. Um caso de puro terrorismo de Estado.
Então, e não é assim que numa democracia se lida com o independentismo, pondo os independentistas na prisão?
Não.
A democracia é uma invenção britânica e parece que só os britânicos sabem jogar o seu jogo. Nas últimas décadas surgiram movimentos independentistas fortes em dois países da Commonwealth, o Canadá e a Escócia. Em ambos os casos, foi dada perfeita liberdade de expressão aos independentistas, e as populações afectadas exprimiram-se livremente em referendo se queriam ou não a independência. Aconteceu por duas vezes na Província do Québec no Canadá e por uma vez na Escócia. (Nos três casos, a resposta foi Não).
É através do mecanismo da liberdade de expressão (referendo), e não da prisão, que se lida com o independentismo em democracia.
Mas a Inquisição e, na sua sequência, o Ministério Público foram criados precisamente para impedir a democracia, de que o direito fundador é precisamente o direito à liberdade de expressão. Para o Ministério Público tudo aquilo que é democrático e apela à decisão popular cheira logo a crime.
Uma lei que amnistia todos os independentistas catalães está agora a ser discutida no Parlamento espanhol, esperando-se a sua aprovação por uma maioria alargada de Esquerda (cf. aqui).
(Continua acolá)
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