21 fevereiro 2023

Arrendamento coercivo de casas devolutas (2)

(Continuação daqui)



2.  Fêmeas devolutas

Declaração de voto do juiz Pedro Machete, vice-presidente do TC:

Voto contra porque, segundo o conceituado Dicionário Online Priberam de Português, a palavra "devoluta" também pode significar "fêmea que não tem crias há mais de um ano" (cf. aqui).

Quer, dizer, pode ter havido truca-truca no último ano, não se sabe ao certo, o que se sabe é que não deu fruto. Como referi numa outra declaração de voto, tudo se reduz à fórmula (cf. aqui),

P1 + [P2.1 / P2.2] + P3 → E

em que  P1  se refere à casa devoluta onde o acto teve lugar, P2.1 ao macho, P2.2 à fêmea, P3 ao aquecedor para os dias de inverno, a seta indicando truca-truca e E é o fruto da relação, cuja existência é meramente probabilística.

Por isso, invocando o Princípio da Incerteza de Heisenberg, sou contra a decisão que fez maioria entre os meritíssimos juízes deste altíssimo Tribunal. 

Se as casas devolutas forem dadas aos seus arrendatários, as fêmeas que não tiveram  crias no último ano - quer dizer, as fêmeas devolutas -,  ficam sem um local convenientemente privado para fazerem truca-truca com os seus machos. E, então, é que não haverá fruto de certeza.

(Continua acolá)

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