Nos últimos anos tenho escrito abundantemente neste blogue sobre o Movimento dos Focolares, uma organização laical da Igreja Católica que visa dar realidade ao preceito de Cristo "Que todos sejam um só", um movimento fundado em Itália por Chiara Lubich, uma professora primária (cf. aqui)
Como notei em diversas ocasiões, a realização prática deste preceito exige a mais radical despersonalização dos seus membros, isto é, que cada membro dos Focolares aceite renunciar à sua personalidade para todos adoptarem uma só personalidade, que a fundadora prescrevia que fosse a sua.
"Não há unidade enquanto existir personalidade", escreveu Chiara Lubich (cf. aqui)
Naturalmente, pessoas que aceitam renunciar à sua personalidade - contrariando uma das mais valiosas tradições do catolicismo, que é a sua tradição personalista (cf. aqui) - são o terreno ideal para toda a espécie de abusos, sexuais, económicos, de consciência, etc.
Não foi portanto uma surpresa um relatório publicado recentemente em França que dá conta de abusos sexuais reiterados, desde há muitos anos, no seio do Movimento (também chamado Obra de Maria), sem que a hierarquia fizesse alguma coisa, apesar de os conhecer:
"Movimento dos Focolares publica investigação sobre abusos sexuais em França. Pelo menos 26 casos" (cf. aqui).
(Os 26 casos referem-se a abusos praticados sobre 26 vítimas por um só membro consagrado dos Focolares. O relatório refere outros casos, mas não era seu objecto investigá-los. O relatório, no seu original em inglês, pode ser visto aqui)
A mesma fonte indica que o Movimento dos Focolares também está em convulsão interna em Itália, onde nasceu.
O Movimento dos Focolares é radicalmente anti-liberal e anti-moderno, sendo ultra-conservador nos costumes, e comunista na economia. Como acontece em todos os regimes comunistas, os primeiros a serem explorados são aqueles que eles dizem proteger:
-"Nas últimas semanas, um grande núcleo de ex-focolarinos italianos apresentou um apelo formal á comissão interna sobre os abusos dos Focolares (...). Os ex-focolarinos italianos lamentam abusos de poder, de consciência, manipulação psicológica, mas também casos de exploração laboral e falta de contribuições para a previdência" (ibid, ênfase meu).
Os abusos de toda a ordem dentro do Movimento dos Focolares são denunciados desde há décadas e já levaram ao suicídio (cf. aqui).
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