"O pessoal aqui não sabe o que quer dizer conflito de interesses".
Esta mensagem foi-me enviada ontem por uma economista portuguesa, recentemente regressada a Portugal, depois de 12 anos a trabalhar na Suíça.
A minha reacção está no artigo de jornal reproduzido em baixo: "Não sabe ou não quer saber porque não querer saber dá muito jeito e um dinheirão".
Escritório de Rangel ganha ajustes directos de 500 mil da Câmara do Porto
Eurodeputado diz que relação entre a autarquia e
a Cuatrecasas começou antes de integrar esta sociedade. Câmara pagou 387 mil
euros
Nos últimos três anos a Câmara Municipal do Porto
e outra entidade por si controlada, a Agência de Energia do Porto, adjudicou
450 mil euros em serviços de representação judicial à Cuatrecasas, sociedade da
qual o eurodeputado Paulo Rangel, aliado político do autarca Rui Rio, é sócio
de capital desde 2010. Segundo o site base.gov.
Confrontado com esta quota, e relação com Rui
Rio, Rangel garante não existir qualquer influência entre a sua relação com o
autarca e as adjudicações, que diz resultarem de uma consulta pública que a
autarquia fez ao mercado em 2003 e na qual a sociedade se mostrou a mais
competitiva. O social-democrata acrescenta mesmo que os valores publicados no
site base.gov.
“Desde que estou no escritório os valores e horas
trabalhadas até têm registado uma diminuição”, adianta Rangel, fornecendo
informação detalhada. O ano com maior actividade foi 2011, num total de 2459
horas de assessoria jurídica prestada à Câmara Municipal do Porto pelo valor de
126 045 euros. Já em 2012 é, nesta retrospectiva de cinco anos, o ano em que a
sociedade teve menos participação nas actividades jurídicas da autarquia.
Tiveram lugar 1547 horas de prestação de serviços, facturadas em 98500 euros.
Questionado sobre se concorda com a contratação
por ajuste directo, Rangel disse que não lhe cabe a si pronunciar-se sobre os
procedimentos internos da autarquia, garantindo contudo que esta prática é
comum e visa muitas vezes horas de trabalho que já foram prestadas, reunindo os
ajustes um conjunto de facturas. A sociedade Cuatrecasas, segundo informação no
site base.gov.
Questionada sobre a justificação do relevo desta
sociedade na assessoria jurídica na autarquia portuense, conhecida a relação
pública entre Rui Rio e Paulo Rangel, fonte oficial do município considerou que
as questões “aparentam querer dar a entender nas entrelinhas que algo de menos
correcto se passa” nesta relação. “Essas relações não têm nada que fira
princípios éticos e muito menos qualquer ilegalidade.”
Quanto à necessidade de recurso a mais de 600
mil euros em assessoria jurídica externa nestes últimos três anos, o município
também os considera excessivos. “Os valores gastos com serviços jurídicos vão
muito para lá do que deveria acontecer numa sociedade civilizada e num regime
político estabilizado, em que as acções políticas não fossem judicializadas por
tudo e por nada”, disse a mesma fonte. “Não só se tem de despender verbas com
escritórios de advogados para defender a câmara - estamos num país em que o seu
principal desporto já não será provavelmente o futebol, mas a prática de
providências cautelares - como no âmbito da sua direcção jurídica a CMP tem
diversos juristas a exercer funções judiciais (forenses), representando a
Câmara nos Tribunais”, disse a mesma fonte, que considera que os dados apurados
pelo i no site base.gov.
http://www.ionline.pt/portugal/porto-adjudica-450-mil-euros-escritorio-paulo-rangel-0
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