o recibo

"Homem terá ainda de pagar 56 mil euros à família da mulher" (cf. aqui)

A notícia acima refere-se a um português que foi esta semana condenado a prisão perpétua na Suíça por ter morto a ex-mulher e o filho.

Por estas duas vidas, num dos países mais ricos do mundo, o tribunal fixou uma indemnização de 56 mil euros que o autor da proeza vai ter de pagar à família da ex-mulher.

Pois, se 56 mil euros é o valor da vida num dos países mais ricos do mundo, aqui, em Portugal é quanto vale a honra de um político.

O eurodeputado Paulo Rangel, putativo candidato à liderança do PSD e, em última instância,  a primeiro-ministro exigiu de mim uma indemnização de 50 mil euros por eu lhe ter ofendido a honra num comentário televisivo.

Em primeira instância, o juiz achou que a honra do eurodeputado Rangel não valia nada e absolveu-me. Pelo caminho, o seu advogado - o famoso Papá Encarnação (cf. aqui e aqui) - já me tinha oferecido a honra do eurodeputado Rangel e futuro primeiro-ministro a um preço de saldo de 5 mil euros, mas eu rejeitei.

Fiz mal porque em segunda instância, um juiz amigo do futuro-primeiro-ministro Rangel condenou-me a pagar-lhe 10 mil euros pela honra ofendida (cf. aqui).

E eu assim fiz, que sou muito obediente (cf. aqui) (*). Paguei enquanto ele é eurodeputado porque, quando for primeiro-ministro, o valor pode subir para mais de 3 milhões.

Eu não teria trazido este assunto ao blogue se não fosse o recibo. É o recibo que me está a atormentar. Já lhe paguei os dez mil euros pela honra ofendida há quase três meses, o meu advogado já lhe pediu o recibo e ele nunca mais me envia o recibo. 

Tenho a minha contabilista a perguntar-me - "O recibo?" - e eu sem saber o que lhe dizer.

Da última vez, respondi-lhe que só podia ser uma de duas alternativas.  

A primeira é o eurodeputado Rangel, futuro líder do PSD e futuro primeiro-ministro, querer fugir ao fisco.

A segunda é esquecimento puro porque toda a gente sabe que o consumo excessivo de certas substâncias prejudica gravemente a memória (cf. aqui).

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Espero que ele não ande por aí metido em folias e a gastar o dinheiro mal gasto (cf. aqui).