08 março 2020

oh-tio-oh-tio

As histórias sobre a Justiça em Portugal sucedem-se agora a uma ritmo alucinante na imprensa. Algumas são verdadeiramente anedóticas.

Hoje, o Público relata um caso de cabo-de-esquadra envolvendo o conhecido advogado e ex-presidente do Benfica, João Vale e Azevedo (cf. aqui).

Vale e Azevedo conseguiu enganar muita gente, até a Justiça portuguesa a quem, em certo momento, prestou garantias falsas. O processo data de 2012. O Ministério Público quer julgá-lo e, embora toda a gente saiba que Vale e Azevedo vive em Londres, a Justiça não consegue notificá-lo.

É neste ponto que eu vou de volta ao meu case-study (cf. aqui). Em Junho de 2018, tendo de inventar uma razão para me condenar por alguma coisa, o juiz de primeira instância do Tribunal de Matosinhos, depois de uma análise "fina e atenta" (sic) do meu comentário televisivo, condenou-me por ofensa à Cuatrecasas por eu ter posto em causa a relação de confiança entre os advogados e os seus clientes (cf. aqui).

Por outras palavras, é crime desconfiar dos advogados.

Ora, toda a gente sabe ou devia saber que desconfiar dos advogados não é crime nenhum. Pelo contrário, é até uma actividade muito salutar.

Se os agentes da Justiça tivessem desconfiado do Vale e Azevedo não andariam agora por aí oh-tio-oh-tio à procura dele. Para não falar em casos mais graves, como parece ter sido o daquela velhota que, se tivesse desconfiado do advogado, a esta hora ainda estaria viva (cf. aqui).

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