15 novembro 2019

THE BLUE BAG (II)

(Continuação daqui).

Capítulo 8. O magistrado Tony Meadow já era muito famoso no país por ter sido ele o acusador oficial de um crime perpetrado por um padre católico e que ficou para os anais da criminalidade nacional. A acusação continha mais de seis mil páginas, com todos os actos do crime descritos ao pormenor, incluindo os preliminares. O magistrado Meadow pedia ao juiz a pena de morte, mas este acabou por condenar o padre somente a prisão perpétua, absolvendo a mulher (cf. aqui).

Capítulo 9. A chegada do magistrado Tony Meadow causou profunda devastação em muitas vilas e aldeias portuguesas. Houve terras em que, pelas mais variadas razões, toda a população foi constituída arguida e, em alguns casos, por acção da juiz Cathy Littleriver, ficou mesmo em preventiva. Aconteceu assim em terras tão genuinamente portuguesas como Vendas das Raparigas, Picha, Solteiras e Venda da Gaita. Em Vale de Judeus a limpeza foi étnica. Mas também incluiu católicos em Crucifixo. Houve até casos em Amor e Paixão. O magistrado Meadow só parou quando chegou a Deserto, uma pequena localidade no distrito de Faro, Algarve. Foi aí que, pela primeira vez, teve o sentimento de missão cumprida. Organizou um jantar para celebrar com os seus pares na Marisqueira dos Pobres em Matosinhos. (cf. aqui).

Capítulo 10. Foi então que o magistrado Tony Meadow se virou para os cemitérios (cf. aqui).

Capítulo 11. Por essa altura, surgiu nos jornais a notícia de que Peter Throw, em violação do termo de identidade e residência que lhe tinha sido imposto como medida de coacção pela juiz Cathy Littleriver, tinha sido visto na praia, em Baiona, Espanha, com uma nova namorada. A notícia vinha acompanhada de fotografia. O magistrado Tony Meadow ficou louco de raiva e emitiu, via Interpol, um mandato de captura internacional. (cf. aqui)

Capítulo 12. Foi então que Peter Throw decidiu provocar o magistrado Tony Meadow enviando-lhe, pelo correio, um livro de sua autoria: "Apanha-me se puderes". Tony Meadow espumou de raiva ao recebê-lo (cf. aqui).

Capítulo 13. O magistrado Tony Meadow partiu então para Espanha onde desencadeou a maior operação de perseguição jamais vista a um criminoso. Ao final de três meses, depois de muita perseguição e também alguma farra, estava em Madrid, de mãos vazias, a embarcar de regresso a Portugal. Muitas meninas compareceram no aeroporto de Barajas para se despedir dele, cantando em refrão: Não te vás Toni/Que as moças de Madrid/Estão chorando por ti (cf. aqui).  

Capítulo 14. Porém, por essa altura, há muito que Peter Throw tinha fugido para a Argentina onde, durante meses, viveu à grande e à francesa. Foi num mercado local de Bueno Aires que ele adquiriu um burro, ao qual deu o nome de Castro. Foi a Interpol que detectou Peter Throw na Argentina e enviou fotos de reconhecimento para o Ministério Público em Matosinhos. O magistrado Meadow confirmou à Interpol que aquele era o seu homem (cf. aqui).

Capítulo 15. Quando o magistrado Meadow aterrou em Buenos Aires, há muito que Peter Throw, acompanhado do seu burro Castro, fugia para norte em direcção ao México, onde o esperava uma nova namorada de nome Ofélia (cf. aqui).

(Continua)

Sem comentários: