Como é que se resolve aquele problema (cf. aqui) de as instituições públicas terem sido apropriadas por corporações e terem passado a estar, prioritariamente, ao serviço de interesses particulares, e não do interesse público?
Existem várias soluções.
Por exemplo, Salazar quando chegou ao poder há cerca de 90 anos, teve de lidar com o mesmo problema. Resolveu-o com autoridade pessoal e controlando as corporações.
À frente das instituições públicas colocou pessoas não comprometidas com os lobbies, e gozando de prestígio e autoridade na sociedade, de que o próprio Salazar era um exemplo.
Ao mesmo tempo, criou duas instituições cujo objectivo era o de controlar as corporações, permitindo-lhes viver e prosseguir os seus fins - tanto mais que o próprio Estado Novo se definia como um Estado corporativo -, mas com moderação e de molde a canalizar a prossecução dos seus interesses privados em benefício do interesse público.
A primeira foi o Ministério das Corporações e a segunda - muito mais importante ainda -, foi a Câmara Corporativa. Esta última, em particular, foi uma invenção genial.
Hoje, embora se observe um certo recrudescimento do valor da autoridade (por exemplo, nas vitórias eleitorais de Trump e Bolsonaro), não me parece possível um retorno às soluções autoritárias que nos anos 20 e 30 grassaram um pouco por toda a Europa, incluindo Portugal.
Pelo contrário, a democracia liberal, com uma variante ou outra de país para país, veio para ficar devido à revolução nas tecnologia de informação e, em particular, à internet.
Neste ambiente, como moderar o poder das corporações, de modo a pôr de novo as instituições públicas ao serviço do público, e não ao serviço dos interesses particulares?
Através de um caso paradigmático que indigne suficientemente a opinião pública e que sirva de exemplo para todos os outros.
E esse caso paradigmático pode ser o Joãozinho?
Pode e, infelizmente, julgo que vai ser.
1 comentário:
Pedro Arroja,
Em 11 e 12 de Janeiro, regressou ao seu estilo. E explicou tudo muito bem. Claro que haverá sempre uns quadrúpedes que, por isto mesmo, fingem que não compreendem. Safados: pois não têm o seu cérebro nos cascos.
Mas com Poncius Pilatus — Quod scripsi, scripsi — o seu ver e o seu sentir, ficam à vista. Não são ocultos nem ocultados.
Acredito em si e acredito que sabe pensar para vencer.
Com enorme admiração, e ternura
do velhinho, sénior ou o raio que me parta.
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